quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ENQUANTO HÁ VIDA


ENQUANTO HÁ VIDA

Não se ouvem os miados do gato
nem os efes do efe:
Ronrona pelos cantos num miado
parece as cadentes jaculatórias das viúvas
em mês de Novembro,
choram por quem em vida lhes aqueceu o costado.
Levaste minhas asas, Luz!… Asas que emprestaste…
Colocadas em beijos por tuas mãos,
foram para lá do meu ser…
Não existe grafite para escrever
as perguntas… As respostas
às quais não encontro palavras…
Já lavei a roupa toda,
já coloquei cloreto de sódio,
centrifuguei em rotações continuas,
ora devagar… Ora depressa com rapidez…
Nada!,
Nem nódoa, nem mancha,
níveas como bragal de linho.
Perfeição!
Viro-me ao contrário e
vejo de dentro para fora…
De fora para dentro…
Nada tem… Nem um fio pendurado
para me suster, agarrar… Ter razão!
Sou Beneditina… Soror Imaculada
no nosso amor, Luz.
Tenho o disco riscado de tanto girar,
já não há a tecla do ponto de interrogação;
Faltam teclas.
Faltam teclas.
Faltam teclas
para compor as frases das perguntas…
Procuro a exactidão, o perfeito
igual à estética das minhas mamas…
São órgãos pares como nós dois;
Formamos um todo, o perfeito.
Não encontro erro para haver deformação
mas rigor!
Procuro verdadeiras palavras e
encontro palavras vertidas na nudez da mentira,
na razão de palavras inúteis…
O rei vai nu e a riqueza é fútil!

 Fernanda Garcias  
06/01/2012

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