sábado, 7 de agosto de 2010

NUMA TRAINEIRA de Jorge Vieira

Cassio Mello

Numa traineira


Jorge Vieira

Vou pelo mar fora, numa traineira
E sinto um forte cheiro a maresia;
No céu cintilam estrelas, qual sementeira
De luzes, que brilham em sintonia.

No meu navegar, recordo as ânsias perdidas
E oiço uma canção de madrugar,
Que suaviza a dor das minhas feridas
E me põe perdido no meu sonhar.

No sulcar das ondas e nessa traineira,
Soluçam ais e alguns lamentos,
E a lua que brilha tão altaneira,
É a companhia dos desalentos.

Na força de um querer, regresso ao cais
E vejo o olhar cansado do pescador;
No seu peito morrem todos os ais,
Pois a vida agreste cala-lhe a dor.

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