Manuel Gómez "Arce"
in: http://salaodaprimaverade2011.blogspot.com
FESTA NA ALDEIA
de Aurora Simões de Matos
Estralejam foguetes, vai a missa a meio,
“já estão os Santos”, dobra a devoção.
A capela é ovo, o adro está cheio;
Unidos em prece nesta comunhão,
Esquecem-se canseiras, distâncias vencidas,
Busca-se alimento para as nossas vidas.
De manhã bem cedo, a aldeia acordou,
ao som de morteiros que estoiram no ar;
os músicos chegam, a festa começou.
Aqueceu-se o forno, pôs-se a carne a assar,
cheiro apetitoso invade os caminhos,
repartem-se mimos pelos pobrezinhos.
Junta-se a família, chamam-se os amigos,
matam-se saudades, do longe se faz perto;
provam-se os petiscos com sabores antigos,
cada lar é hoje mais que um céu aberto.
São horas da missa, ninguém quer faltar,
fatiota nova, vai-se comungar.
E no fim da missa é a Procissão
com andores floridos até ao Cruzeiro.
Lá vão os Santinhos, nossa devoção,
parece que aos ombros vai o mundo inteiro…
Elevam-se preces que sobem ao céu,
nosso padroeiro é São Bartolomeu.
Vai gente descalça pisando a calçada,
cumprindo promessas, lembrando aflições.
Os anjinhos de asas e os da Cruzada
marcham bem certinhos ao som de orações!
Os músicos tocam com solenidade
e Padre João transborda bondade.
Pela tarde adiante, pela noite fora,
a festa continua no adro e na estrada.
Cantares e dançares, pedaços de outrora,
alternam com ritmos para a rapaziada.
Bebe-se uma pinga, compra-se pão-leve
No leilão das prendas que o Santo teve.
É assim a festa de S. Bartolomeu,
Para quem deu esmola… e para quem não deu.
Aurora Simões de Matos,
Imagens da Beira-Paiva
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