sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Zé-Ninguém

José González Collado
ZÉ-NÍNGUEM

de olhos cerrados
vêem o futuro
que não existe.

de braços cruzados
acolhem a esperança
que não chega.

de corpos caídos
dormem a fadiga
do cansaço que não têm.

quando chegam a casa
lavam o suor
que lhes cai pelo corpo
devido ao esforço
da labuta de mais um dia

sem trabalho.
à noitinha,
de barriga vazia
em reza agradecem
o pão-nosso de cada dia
que ignoram quando chega.

quem são eles?
são quem são
sem serem alguém.
mistura do sim e do não
por serem:

os “zé-ninguém.”

Eduardo Roseira
In: "A Colheita Íntima"

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

TOADA DE PORTALEGRE

Carlos Godinho
TOADA DE PORTALEGRE
                      ao FRANCISCO BUGALHO

Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Morei numa casa velha,
Velha, grande, tosca e bela,
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela…

Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- Quis-lhe bem, como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como ao do meu aconchego.

Toda aberta ao sol que abrasa,
Ao frio que tolhe, gela,
E ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda
De redor da minha casa,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Era uma bela varanda,
Naquela bela janela!

Lá num craveiro que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Poisou qualquer sementinha
Que o vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Achara no ar perdida,
Errando entre terra e céus…,
E, louvado seja Deus!,
Eis que uma folha miudinha
Rompeu, cresceu, recortada,
Furando a cepa cansada
Que dava cravos sem vida
Naquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela…

E era então que sucedia
Que em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Aos pés lá da casa velha
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- A minha acácia crescia.

Vento soão!, obrigado
Pela doce companhia
Que em teu hálito empestado,
Sem eu sonhar, me chegava!
E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!..., mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria extrema
Em que eu vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
Ou se um filho me nascera.

José Régio

POETAS, NÃO SE CALEM!

José González Collado
POETAS, NÃO SE CALEM!

Não calem as vozes dos nossos poetas
Nem rasguem as folhas dos seus poemas;
Não nos castiguem com mágoas secretas,
Para denegrir os nossos lemas.

Essas vozes trazem belas mensagens
Que a memória ousa repetir;
Não são inúteis nem fúteis miragens
- Não as queiram subtrair!

Deixem os poetas serem os peregrinos
Da verdade, da revolta e da paixão;
Façam a vossa festa, deixem tocar os sinos,
Ao ritmo cadenciado do coração.

E se as vozes dos poetas se calarem,
Por essas que as quiseram denegrir,
Outras bocas impacientes, se falarem,
Farão outros mais poetas existir.

Jorge Vieira
in “Manhãs Inquietas”

25 DE ABRIL

Carlos Alberto Santos
25 DE ABRIL

E tu ó meu povo, meu povo sagrado
te digo
com lágrimas no rosto, escorrendo pelo peito
com este geito
que tenho de chorar de emoção
que fizeste a maior, a mais bela e forte
a mais sedutora e poética
das jornadas da vida e do amor
contra a morte
Que fizeste Abril quando
já nenhum outro povo pensava
que Maio pudesse ressuscitar.
Tu fizeste um novo Maio
uma Comuna dos sem esperança
vingaste o Ultimatum, vingaste Soeiro, vingaste o Tarrafal
trouxeste Portugal
para as páginas do mundo
fizeste o país novo surgir
do restolho das lixeiras mundanas
e trouxeste o brilho que dos olhares tinha fugido
e o sangue lusitano voltou a correr-te nas veias
e mil sóis atómicos na poesia dos caminhos
fizeste sentir.
Da aldeia à capital alimentaste o fogo sacro
milhentas vezes repetido
a plenos pulmões
em hossanas que acordaram as pedras mais antigas
que despertaram os palácios e as retretes públicas
e atroaram os ares
fazendo resplandecer os vidros foscos das janelas foscas
das persianas cerradas há séculos.

E tu, ó Povo, meu povo eleito
para escrever enfim com o suor do trabalho
a semente da palavra
fincaste no duro chão a bandeira que já ninguém brandia
e com ela te vestiste e com ela viveste e com ela dormiste
no intervalo de cada jornada
apesar dos broncos de gabinete
dos medíocres de meia tijela
dos enterrados vivos na lama dos chefes
dos que seguram com raiva o livro de cheques.

Tu, que nem sabes
nem mesmo hoje sabes
tudo o que fizeste, tudo o que pudeste, tudo o que nos deste.
Tu a quem jamais foi dito
como sempre acontece nas páginas da História
quando se superam os factos e se atinge a morte
com a força da vida,
que tinhas feito ABRIL ao fazer-te adulto
que tinhas ganho Abril ao tornar-te culto
que tinhas triunfado do teu fado oculto
e que agora surgias na manhã do nevoeiro último
como um raio divino que tudo esclarece
como a aurora do mundo cujo amor enobrece
tão vitorioso que nem deste por isso
tão natural foi Abril para ti
ao dá-lo assim a tudo o que na Terra há
de vivo e subtil.

Fernando Morais
in "O Poeta Escondido"

PALHAÇO

José González Collado
PALHAÇO

É arte muito complicada
Saber ou fazer rir,
Sensibilidade concentrada
Sua profissão, divertir.

A vida dele dia a dia,
É igual a qualquer pessoa.
À noite, ele dá magia,
Sua alma, essa, voa.

Transmite tanta alegria
Quando entra em acção.
A música é companhia,
Serrote, clarinete, acordeão.

Os seus números têm graça,
Fazem rir sempre as crianças,
São timbre da sua raça
Consubstanciada nas danças.

Ele ri, canta e chora
É sensível ao amor
Presente em qualquer hora
Na alegria e na dor.

O traje é encantador,
A máscara, diversão
Tem fleuma e cantor,
Palhaço é emoção

JOÃO PESSANHA
10/02/2010

AMOR INCONDICIONAL

Carlos Godinho
AMOR INCONDICIONAL

Amo incondicional
É como sol que aquece
O corpo e a alma.
Dá vida e esplendor
Sem nada pedir em troca.
É como chuva benéfica
Que permite a seiva às plantas
Para que cresçam,
Se transformem
Em flores, frutos e pão,
Sem nada em troca pedir.
É como jardim florido
Que oferece inequivocamente
Beleza e alegria
Ao triste olhar daqueles
Que precisam de ver a vida
Mais colorida.
É como luar benfazejo
Que ilumina a noite escura.
Dá brilho às sombras
Inebria os espíritos,
Inspira poetas
Ao aspergir luz
Sem nada receber!

lido por Constância Nery
Mª Antónia Ribeiro
in “Inquietudes”

PINTORES QUE PINTAM POR DENTRO

Carlos Dugos

PINTORES QUE PINTAM POR DENTRO

Pintores que pintam por dentro

Quando faltam pincéis!
Quando na tinta não há cor!
Quando tudo é preto!
Quando se esvai a inspiração!
Quando a vida nos trama
É quando nos sentimos em ascensação,
E sem paleta,
Sem pincéis,
Sem cores,
Pinta-se, com os dedos da mão,
O sentir da alma na ardência
e no esfriamento dos amores!

Quando a obra nasce,
Sob luminosa luz,
Reina a calma,
O contentamento,
Por nos termos pintado por dentro!

Silvino Figueiredo
(O Figas de Saint de lá Buraque)

VIVER NAS HORAS MORTAS

José González Collado
VIVER NAS HORAS MORTAS

É nas horas absortas,
as tais ditas horas mortas
que consigo viver mais.
É quando zarpo do cais,
tripulando o pensamento,
no revolto mar do tempo,
tempo que nunca é demais.

Procuro,
na linha do horizonte,
a tal seta que me aponte
qual o rumo a tomar.
Descubro-o no navegar do divagar.
Aguaceiros de palavras,
ventos de prosas e rimas,
fustigam-me
o barco-alma,
ó tempestades divinas.
E na ilha do instante,
Alagam-se em luz,
todas as janelas.
Abrem-se em êxtase todas as portas,
para entrar o meu viver,
nas tais ditas horas mortas.

Kim Berlusa

domingo, 23 de janeiro de 2011

2011, Janeiro, 15

Fernando Morais a declamar

João Pessanha declama um dos seus poemas

Irene Costa sob o olhar atento de Jorge Vieira
Carlos Andrade e o seu violão
Jorge Vieira a coordenar os poetas

Constância Nery e Jorge Vieira a dar início à sessão de poesia
Constância Nery fazendo uma breve introdução antes da sessão 

15 de Janeiro de 2011

Augusto Nunes declama com Jorge Vieira a seu lado
Pilar Veiga declama um poema de Jorge Vieira


Pilar Veiga, a seu lado Jorge Vieira, e atrás Miguel Leitão
e Cristina Pessoa
Miguel Leitão a declamar um dos seus poemas

Lourdes dos Anjos declama entusiasticamente
Maria Antónia Ribeiro a declamar
Silvino Figueiredo "O Fisgas de Saint de lá Buraque"
Eduardo Rosei a encenar o poema "Todos os Homens são maricas quando
estão com gripe" de António Lobo Antunes
Eduardo Roseira, João Pessanha e Jorge Vieira
A garra de Lourdes dos Anjos

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A LÁGRIMA

Aristides Meneses


A LÁGRIMA

Manhã de Junho ardente. Uma encosta escalvada,
Seca, deserta e nua, à beira de uma estrada.
Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha,
Bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha.
Sobre uma folha hostil de uma figueira-brava,
Mendiga que se nutre a pedregulho e lava,
A aurora desprendeu, compassiva e divina,
Uma lágrima etérea, enorme e cristalina.
Lágrima tão ideal, tão límpida que, ao vê-la,
De perto era um diamante e de longe uma estrela.

Passa um rei com seu cortejo de espavento,
Elmos, lanças, clarins, trinta pendões ao vento.

- No meu diadema, disse o rei, quedando o olhar,
Há safiras sem conta e brilhantes sem par,
Há rubis orientais, sangrentos e doirados,
Como beijos de amor a arder, cristalizados.
Há pérolas que são gotas de água imensa,
Que a Lua chora e verte e o mar gela e condensa.
Pois brilhantes, rubis e pérolas de Ofir
Tudo isso eu dou, e vem, ó lágrima, fulgir
Nesta coroa orgulhosa, olímpica, suprema,
Vendo o globo a meus pés do alto do teu diadema!

           E a lágrima celeste ingénua e luminosa
           Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.

Couraçado de ferro, épico e deslumbrante,
Passa no seu ginete um cavaleiro andante.
E o cavaleiro diz à lágrima irisada:

- Vem brilhar, por Jesus, na cruz da minha espada!
Far-te-ei relampejar, de vitória em vitória,
Na Terra Santa, à Luz da Fé, ao sol da glória!
E à volta, há-de guardar-te a minha noiva, ó astro,
Em seu colo auroreal de rosa e de alabastro.
E assim alumiarás com teu vivo esplendor
Mil combates de heróis e mil sonhos de amor!

           E a lágrima celeste ingénua e luminosa
           Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.

Montado numa mula escura, de caminho,
Passa um velho judeu, avarento e mesquinho.
Mulas de carga atrás levam-lhe o tesoiro,
Grandes arcas de cedro abarrotadas d'oiro.
E o velhinho andrajoso e magro como um junco,
O crânio calvo, o olhar febril, o bico adunco,

Vendo a estrela exclamou: - Ó Deus que maravilha!
Como ela resplendece e tremeluz e brilha!
Com meu oiro em montão podiam-se comprar
Os impérios dos reis e os navios do mar.
E por esse diamante esplêndido trocara
Todo o meu oiro imenso a minha mão avara!

            E a lágrima celeste ingénua e luminosa
            Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.

Debaixo da figueira então um cardo agreste,
Já ressequido, disse à lágrima celeste:

- A terra onde o lilás e a balsamina medra
Para mim teve sempre um coração de pedra.
Se, a queixar-me, ergo ao céu os braços por acaso,
O céu manda-me em paga o fogo em que me abraso.
Nunca junto de mim ranchos de namoradas
Debandaram, cantando, em noites estreladas...
Voa a ave no azul e passa longe o amor,
Porque ai! nunca dei sombra e nunca tive flor!...
Ó lágrima de Deus, ó astro, ó gata d’água,
Cai na desolação desta infinita mágoa!

          E a lágrima celeste ingénua e luminosa
          Tremeu, tremeu, tremeu… e caiu silenciosa.

E algum tempo depois o triste cardo exangue,
Reverdecendo, dava uma flor cor de sangue;
Dum roxo macerado e dorido e desfeito,
Como as chagas que tem Nosso Senhor no peito...
E ao cálice virginal da pobre flor vermelha
Ia buscar, zumbindo, o mel doirado a abelha!

Guerra Junqueiro
lido por Miguel Leitão

NAS PALMAS DA MINHA MÃO

MARIOLA LANDOWSKA


NAS PALMAS DA MINHA MÃO

Nas palmas da minha mão
as rosas estavam desfeitas
perdida a sua cor rubra,
não deixaram a sua marca
na nossa rua deserta!
Ficaram cem pinheiros mansos,
cem abetos doridos,
cem proteas brancas, tristes
enfeitando cem pontes de lua,
no espaço dos dias breves
que encheram as nossas vidas!
A lua cai devagar
na curva do horizonte,
trocando este lugar
por terras virgens, distantes,
com novas janelas nos sonhos
e frutos pendurados na neblina!

Maria Olinda Sol
lido por Augusto Nunes

MORENA

EZEQUIEL JORGE


MORENA

Não negues, confessa
Que tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.

Pois eu não gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.

Eu não... mas enfim
É fraca a razão,
Pois pouco te importa
Que eu goste ou que não.

Mas olha as violetas
Que sendo umas pretas,
O cheiro que têm!
Vê lá que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!

Tu és a mais rara
De todas as rosas;
E as coisas mais raras
São mais preciosas.

Há rosas dobradas
E há-as singelas;
Mas são todas elas
Azuis, amarelas,
De cor de açucenas,
De muita outra cor,
Mas rosas morenas,
Só tu, linda flor.

E olha que foram
Morenas e bem
As moças mais lindas
De Jerusalém.
E a Virgem Maria
Não sei... mas seria
Morena também.

Moreno era Cristo.
Vê lá depois disto
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.

Guerra Junqueiro
lido por Miguel Leitão

O TEU CASACO

Pilar López Román

O TEU CASACO

Tenho tanto frio amor,
neste Outono molhado,
deixa-me, por favor, enrolar no teu casaco,
respirar no teu calor!
É de tweed cinzento
e aquece este momento
num forte e longo abraço,
num querer-nos assim tanto
ligados pelo casaco!!
E eu guardo para mim
esta sensação tão boa,
de sermos um
sendo nós dois,
no umbral de uma portada,
debaixo do mesmo casaco,
numa fria madrugada!
Ligados pelo casaco
numa fria madrugada!

Maria Olinda Sol
lido por Lourdes dos Anjos

TELEFONEMA

José González Collado
in: http://josegonzalescollado.blogspot.com/
TELEFONEMA

Está sol e eu acordei
de sorriso na alma:
um sorriso escancarado e grande,
tão grande,
que nada nem ninguém o poderão estancar.

Sorriso, ou clarão?
Tanto faz,
já que um e outro iluminam.

Eu não sei se isto é paixão
ou se é amor,
mas sei que me sinto em festa,
com luminárias nos olhos,
música a soar nos ouvidos
e um aroma a doce antigo
a consolar as narinas
e a invadir-me os pulmões.

Feliz,
apetece-me beijar o chão,
oferecer flores a quem passa
e queimar incenso
em louvor dos Deuses todos,
mormente daquele que desenha os destinos
e conseguiu
acender ontem em ti
o desejo de me ligares.
Miguel Leitão
lido por Cristina Pessoa

sábado, 15 de janeiro de 2011

JANEIRO, 2011

Pintor Kim Molinero entrega a obra feita especialmente para o
sorteio entre os poetas no final do sarau de poesia
Kim Molinero cumprimenta o sorteado Fernando Morais
Fernando Morais e Cássio Mello
Mónica Pina mostra o número do sorteado
João Pessanha a declamar cativando a atenção dos presentes

Jorge Vieira declama um poema do seu livro "Manhãs Inquietas",
a seu lado Carlos Andrade e atrás Eduardo Roseira
Augusto Nunes declama um poema de Maria Olinda Sol

NA EXPOSIÇÃO DE KIM MOLINERO

Sílvino Figueiro (O Figas) e Eduardo Roseira lêem um poema em conjunto
A sempre presente Maria Antónia Ribeiro
Maria Ramajal Jorge não deixou de comparecer apesar de adoentada.
Aqui ao lado de Jorge Vieira
Miguel Leitão a declamar poemas de sua autoria

Pilar Veiga voltou a dar o prazer da sua presença, vinda de Santiago de Compostela
Carlos Andrade animou a tarde

Kim Molinero entrega obra com dedicatória ao poeta Fernando Morais