terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nunca mais nada eu te dissera

Nunca mais nada eu te dissera


além do voô incontido dos olhos

pela longinqua estratosfera.

Nunca mais nada eu te propusera

mais do que nunca , numa quimera

e da silhueta do tempo de espera

escorrem adágios da primavera

onde nunca mais nada

volta a ser o que era........

KIMBERLUSA.

sábado, 27 de agosto de 2011

PEREGRINOS


PEREGRINOS

Um poeta não bajula,
Não se verga ou tergiversa.
Sempre contra a tirania,
Vaidades não turibula
E, na sorte mais adversa,
Sonha sempre melhor dia.

A dar Amor,
Que não mata a fome,
Mas conforta,
Um poeta verdadeiro
Dá a metade da manta
Ao mendigo que tem frio…

- São lágrimas de poetas
Muitas das cheias dum rio!

Pinto Cardoso
lido por Manoel do Marco

LABIRINTO OU NÃO FOI NADA


LABIRINTO OU NÃO FOI NADA

Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua…
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua…
Só o fantasma do instinto
na cinza o céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.

David Movrão
in "Obra Poética"
declamado por Ilda

AQUI TE AMO…


AQUI TE AMO…

Aqui te amo.
Nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento.
A lua fosforesce sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.

Desaperta-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata desprende-se do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negras de um braço.
Sozinho.

A veces amanezco, y hasta mi alma está húmeda.
Suena, resuena el mar lejano.
Éste es un puerto.
Aquí te amo.

Aquí te amo y en vano te oculta el horizonte.
Te estoy amando aún entre estas frías cosas.
A veces van mis besos en esos barcos graves,
que corren por el mar hacia donde no llegan.
Ya me veo olvidado como estas viejas anclas.
Son más tristes los muelles cuando atraca la tarde.

Se fatiga mi vida inútilmente hambrienta.
Amo lo que no tengo. Estás tú tan distante.
Mi hastío forcejea con los lentos crepúsculos.
Pero la noche llega y comienza a cantarme.
La luna hace girar su rodaje de sueño.

Me miran con tus ojos las estrellas más grandes.
Y como yo te amo, los pinos en el viento,
quieren cantar tu nombre con sus hojas de alambre.

Ás vezes amanheço, e até a alma está húmida.
Soa, ressoa o mar ao longe.
Este é um porto.
Aqui te amo.

Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
Eu continuo a amar-te entre estas frias coisas.
Ás vezes vão meus beijos nesses navios graves
que correm pelo mar para onde não chegam.
Já me vejo esquecido como estas velhas âncoras.
São mais tristes os cais quando fundeia a tarde.
A minha vida cansa-se inutilmente faminta.
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.
O meu tédio forceja com os lentos crepúsculos.
Mas a noite aparece e começa a cantar-me.
A lua faz girar a sua rodagem de sonho.

Olham-me com os teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar o teu nome com as folhas de arame.

                             Plablo Neruda
                          in “20 poemas de amor e uma canção desesperado”
                                 lido por Amândio Vasconcelos

Já na escuridão, ouso reproduzir-me


Já na escuridão, ouso reproduzir-me
em estigmas fissurados.
Mais tarde, já com o Sol posto,
soltei quatro gritos revoltos,
já muito lá atrás daquelas lentes…, desalmadas.
Tombei…., de lado, ao quarto dia.
Bem ditos, aqueles que expurgam os malditos.
Está na hora de sulcar os espaços.
cair de costas, naqueles braços.

Virgílio Liquito

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MEU FILHO


MEU FILHO

A rasgar o meu silêncio há gritos;
há lágrimas no alvar do meu sorriso…
ficam-me os olhos d’angústia, aflitos,
descrentes do longínquo paraíso.
Sou arca velha guardando dor antiga,
nela vou tropeçando cegamente,
já não recordo a linda rapariga,
perdido o brilho de antigamente.

Morreu-me o coração; só trago um nó
dentro do peito; olhando pró meu filho,
com a idade a transformar-se em pó,
quando quebrar o elo deste atilho,
quem vai senti-lo, amá-lo e proteger?
Passo o resto da vida a matutar:
somos dois corpos e um só, a entender;
e temo, porque um dia o vou deixar!

Irei chorando ainda nos meus versos,
que saíram de mim, sangrando de raiz,
como os rios que correm tão dispersos,
serpenteando por todo o meu País,
tal como o fogo e, nas labaredas,
que trazidas no fogacho do destino,
serei uma faúlha entre veredas,
pra acalentar no frio o meu menino!

Agosto.2011
Maria de Lourdes Martins
lido por Leonor Reis

CÓPULA


CÓPULA

No prado, onde as vacas imóveis,
esperam a passagem do comboio, ouve-se um ruído
de ramagens fustigadas pelo vento. Não sei se
é o Outono que chega, ou se o verão ainda resiste
à chegada da breve estação. No entanto,
o comboio demora-se; e a vaca que não quis
esperar, parou no meio da linha, como uma raiz
metafísica, que se meteu na terra e a prendeu,
impedindo-a de fugir à investida da locomotiva.
(O resultado, meses depois,
foi um bezerro a vapor).

in “Poesia Reunida”
Idiema

AGOSTO


AGOSTO

Por tradição o mais quente
Dois mil e onze a excepção
É o mês de toda a gente
Em férias de excitação.

Festas romarias o programa
A volta a Portugal
As noites o melodrama
Panaceia comportamental.

São as férias porque esperamos
Num ano de trabalho sofrido
Sol, mar, luar quente adoramos
Meu Agosto êxtase de amor vivido.

Regresso dos imigrantes
As saudades partilhadas
Agosto dos veraneantes
Tradições abençoadas.

Católicos Não praticantes
Agosto o ritual
Suas promessas gratificantes
Senhora de Fátima espiritual.

Ao meu gosto vou ouvindo
Por gosto sempre comendo
Meu rosto feliz sorrindo
Agosto em ti me prendo.

João Pessanha
02/08/11

LÁGRIMA PRETA


LÁGRIMA PRETA

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

António Gedeão
in “Poemas Escolhidos”
lido por Ana Maria

SOMBRA



SOMBRA

Não fora o sol, eu não tinha
esta sombra que me espreita…
me adelgaça numa linha
e comigo no chão se deita.
Sombra que me dualiza,
minha irmã gémea chinesa,
que me quer, me tiraniza,
e me segue com presteza.

Quando a olho, me perturba
os contornos que hoje tem;
ela envelhece, ela curva,
vacila como eu também!...
É triste, seu manto é negro,
e à noite dorme comigo
presa no meu aconchego,
ouvindo os versos que digo.

Quando o zénite acontece
a sombra em mim se conjuga;
a natureza elanguesce,
que aquela luz subjuga!...
E a sombra que se escondeu,
logo em mim se revigora!
Quantas mortes já sofreu
na ligeireza da hora?

Às vezes o sol se esquiva
num recato absoluto;
fica-me a sombra cativa
meu corpo veste de luto…
Temo que, lá no infinito,
num cataclismo enorme,
o tempo seja finito
e a minha sombra não torne!

in “Castelo de Legos”
Maria de Lourdes Martins

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ACORDAR


ACORDAR

Meu amor… Quando acordares, alembra
à tua espera meu corpo na cama jaz…
Cheio de amor, louco e sem emenda,
qu’outro corpo  igualar não é capaz;

Este meu corpo que tem fome, tem sede
da tua luz… Maré cheia d’amor plena…
Tua brisa o meu refresca e mata a sede,
suaves asas qu’acalma e deixa serena…

Traz tua seiva… E dá-me meu aviador …
Rega meu interior com sémen abençoado,
deixa que ele grite em gozo, em clamor
neste nosso listel pela luz purificado.

Cola nossas bocas fá-las numa só,
ferra agora meus lábios em beijo dado…
qu’entrelaço minha língua na tua em nó,
deixa morrer até seres ressuscitado…

Fernanda Garcias  
2011 / 08 /17

PARA LÁ DE SEGREDOS E SAUDADES


PARA LÁ DE SEGREDOS E SAUDADES

Para lá de segredos e saudades
imperam ecos estridentes de silêncio
camuflados em excêntricas realidades
na curvilínea arquitectura que há no tempo.

Tempo, nave-mãe, covil de feras
alcateia de horas plenas e incontáveis
substância inequívoca de quimeras
em cadências místicas e incontornáveis.

E na forma incorpórea de matéria
tacteando a ancestral inquietação
nostálgica, já murmura a luz etérea
na mais pura génese da atracção.

Para lá de segredos e saudades!

Kim Berlusa

meu amor _ eu sou de vidro


meu amor _ eu sou de vidro
límpido e transparente
não de vidro embrutecido
trabalhado no momento…

meu amor _ eu sou de vidro
frágil _ fino _ delicado
não de vidro embrutecido
e em teus braços eu digo
meu amor _ eu sou de vidro
toca-me com muito cuidado

meu amor _ eu sou de vidro
alma corpo sentimento
não de vidro embrutecido
e se não tens esse sentido
meu amor _ eu sou de vidro
quebras-me em qualquer momento

(avisei _ meu amor _ eu sou de vidro.)

Teresa Gonçalves
in “Singelo Canal”

SODOMA


SODOMA

Discotecas por escolas,
Por moral devassidão…
- Não há peixes, não há rolas…
Dentro em pouco nem há pão!

A seringa é um pião,
Uma “passa” esquece o eixo…
- É “top-disco” a população,
E a “chicklet” move o queixo!

É já conceito moderno
Que ser chulo é ser varrão…
- Este mundo, feito inferno,
Finda nesta geração!

Pinto Cardoso
lido por Manoel do Marco

RECEITA PARA ABRAÇO


RECEITA PARA ABRAÇO

antes que nos abrace e abrase um daqueles nós
de víboras jorrando em lume das nuvens
antes que se fechem sobre nós os tentáculos de um tsunami
antes que se abatam sobre o coração os acúleos dos escorpiões
antes que nos torture e triture o doce amplexo do nada
abracemo-nos nós (vê as horas – deram-nos escasso o tempo
e um abraço a sério pode durar uma eternidade)

abrir muito os braços deixá-los crescer e crescer
tê-los aptos disponíveis para abarcar
uma floresta impossível de sequóias
ou desenhar a órbita de um cometa errante
fechar os olhos invertê-los voltá-los para dentro
leva-los aos recessos mais íntimos da alma
esperar assim outra eternidade sem saber
o que de lá vem se a assombração do mundo
se uma hecatombe se a criação de uma nova galáxia
esperar como quem sabe que vem chegando
num carro de aromas a primavera
esperar que se desdobrem um a um lentamente
todos os pampilhos das pradarias

depois finalmente cerrar os braços
uns sobre os outros com o vagar das corolas fechando-se
aconchegar os peitos apertá-los tanto até esmagar
os maquinismos pulsantes que os habitam
esperar ainda que se ecoem todos os sons interiores
e deixar-se morrer como um eco extraviado
ou um cavalo exausto perdido na noite
enquanto as intimas salas se inundam de silêncio

quando enfim ressuscitarmos desta ansiada morte
demorar mais uma eternidade
para recuperar os próprios braços

(por isso são tão raros os abraços verdadeiros)

Anthero Monteiro (inédito)
declamado por Ana Almeida Santos

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

AO CÁSSIO MELLO


AO CÁSSIO MELLO

Dos seus sonhos,
Nos seus intervalos,
Desenhava-os,
Retratava-vos,
Pintava cavalos
E leopardos
E dava-lhes,
Na sua mente,
Imensa pradaria,
Onde a liberdade passeava,
E em cada quadro
Dava-lhes movimento!

Era pintor,
Animais gostava de pintar,
Neles resplandecendo a cor!
E nele, por eles,
Brilhava seu amor!

Aos homens dava sua compreensão,
Porque, nem sempre,
Nobre e livres,
Como cavalos e leopardos são!
Apenas pardos!

Agora, que da vida partiste,
Cavalos e leopardos,
Por momentos, ficarão parados,
Em reflexão, depois,
Na imensa pradaria da vida
Livres correrão,
Até que, alguém, tão bem como tu,
Retrate sua liberdade em quadros.

Tu podes descansar, em paz,
Nos arco-iris das cores,
Onde tua alma jaz.

Silvino Figueiredo
o figas de Saint Pierre de Lá-Buraque

ADEUS


ADEUS

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor…,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me pareça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus

Eugénio de Andrade
declamado por Lourdes dos Anjos

UM DENTISTA


UM DENTISTA

Conheci um poema de Auden
um dentista reformado que se pôs a pintar montanhas,
Pintou trinta e três montanhas como os pintores de parede
pintam trinta e três paredes. Depois parou, limpou o suor da testa,
pediu um copo de vinho e uma mulher, e despiu-se, embriagado,
fazendo sexo como um dentista
e não como um pintor de montanhas.
E se pensas que uma e outra forma de tocar numa mulher
são idênticas, então deves ler mais poesia.

                                Gonçalo M. Tavares
lido por Ana Pamplona

NOITE APRESSADA


NOITE APRESSADA

Era uma noite apressada
depois de um dia tão lento.
Era uma rosa encarnada
aberta nesse momento.
Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a casa perdida
no meio do vendaval;
imensa, a linha da vida
no seu desenho mortal;
imensa, na despedida,
a certeza do final.

Era uma haste inclinada
sob o capricho do vento.
Era a minh’alma, dobrada,
dentro do teu pensamento.
Era uma igreja assaltada,
mas que cheirava a incenso.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a luz proibida
no centro da catedral;
imensa, a voz diluída
além do bem e do mal;
imensa, por toda a vida,
uma descrença total!

David Movrão- Ferreira
in Obra Poética
lido por Ilda

NEVOEIRO


NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…

É a hora!
                     in “Mensagem” Fernando Pessoa
                             lido por Amândio Vasconcelos

CARTA DUM DEFUNTO, A QUEM LHE FEZ SUMIR O SUPER-EGO


CARTA DUM DEFUNTO, A QUEM LHE FEZ SUMIR O SUPER-EGO

Faltará o super Ego, interior dos interiores, o esconderijo, pode ser o do Kafka, a cova.
Residirá no desconforto das minhas atrevidas palavras, nem sempre sentidas, por quem se… esconderá à superfície, que não há instituição, por muito que óbvias,
que acolherá os motivos, sejam os quais, que não sejam partilhadas que penetrem até à auto-estima, seja qual for o horizonte.
Não há, de facto, funções reais, sem o hálito do Super-Ego, local das últimas, mas gravadas emoções. Nem que a vaca tussa! Nem que se publique, seja na pedra, ou nas bolsas gastro/libidinosas.
O super-ego, esse não aparece de cuecas, nem tapa, qualquer que seja a moda. É preciso decantá-lo, forçando-lhe o vómito
E nada mais óbvio. Porque o super-ego tem outra química, dificilmente se drena a si próprio.
Logo, nunca chegará a “irredutitibilidade” do último Ser.
Confesso, também, que pouca espuma se nos aparece à superfície. Mas engulhos se encontrará, por muito o tal ego se venha, que se possa intelectualizar o verdadeiro motivo: a partilha da cova, do Super-Ego.

Virgílio Liquito

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sessão Poesia 20-08-11


 Ana Maria
 Ana Maria
 Maria de Lourdes Martins
 Maria de Lourdes Martins
 Maria de Lourdes Martins
 Ana Almeida Santos e Virgílio Liquito prestam atenção a Manoel do Marco

 Manoel do Marco
 Fernanda Garcias
 Fernanda Garcias
 Fernanda Garcias
 Fernanda Garcias
 Ana Pamplona
 Ana Pamplona
 Ana Pamplona
 Ana Pamplona

 Kim Berlusa
 Kim Berlusa
 Idiema
 Idiema
 Idiema
 Ilda
 Ilda
 Ilda
 Amândio Vasconcelos
 Amândio Vasconcelos
 Amândio Vasconcelos
 Virgílio Liquito
 Virgílio Liquito
 Virgílio Liquito
 Virgílio Liquito
 Virgílio Liquito


 Entrega da obra sorteada a Fernanda Garcias