quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AMOR TOSTADO, SEM PRESERVATIVO!

AMOR TOSTADO, SEM PRESERVATIVO!


Ela na praia,
deitada ao sol,
ela fugia dele,
mas ele caia-lhe sempre em cima!
ela até gostava!
depois, ela ficou bem torrada!
e o Sol até comentou:
- “olha, tenho mais uma amada!”


Porém,
no dia seguinte,
o Sol ficou surpreendido
ao vê-la com muito creme,
pelo corpo dela espalhado!


Então, Sol sussurrou,
enquanto ela espalhava creme no umbigo:


- “Amor,
para te torrar,
para te tostar,
para te queimar,
não preciso de creme como preservativo!”


Não se sabe o que depois foi passado,
mas todos viram que ela era só fogo!


O Sol tinha-a amado!


Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o figas de saint Pierre de lá-buraque)

UM BAILE DE MÁSCARAS

UM BAILE DE MÁSCARAS


Num baile de máscaras,
dois corpos diferentes,
ao outro encontraram.
No Carnaval do ano,
eles foram e brincaram.
Olhares trocaram,
palavras disseram,
brincaram, pularam
e unidos dançaram.
Marchas, modinhas,
tango, bolero,
samba e pasodobles
com muito “salero”.
E num “sonho de valsa”,
“bombom” de amor,
começaram um sonho,
terminado em dor.


Enquanto foi doce
a valsa tocou.
Depois, travo amargo…
… a festa acabou!


Tiraram a máscara…


A valsa do amor,
tão doce e amarga,
noutro ritmo tocou.
Carnaval do ano,
também se finou.


Continuou a dança,
de dois corpos soltos,
na valsa da vida,
tão cheia de lida,
alegre ou sombria,
mas mantendo a esperança,
ingenuidade – criança,
na vida que afinal…
… é por vezes um “Baile de Máscaras”…


Ana Maria Roseira
in “Valsa da Vida”
Coletânea poética “Louvor à Vida e aos seus Prazeres” 2005

UMA ENORME PEQUENÊZ

UMA ENORME PEQUENÊZ


Para um tal, Rui e senhor
curto e turvo de vista
cultura só tem valor
quando for ele o «artista».


Cultura subsidiada
isso agora é que era bom
não há «xelim» para nada
e esta cidade, é uma frustração.


E na sua faina ceifeira
corta aqui, corta acolá
secamos todos na eira
cultura quase não há.


Mas nos bairros, há bailaricos
isso sim é que é cultura
com uns petiscos e uns copitos
o povo ganha cultura.


Tanto rio que transborda
tanto rio enche de vez
e este apenas nos mostra
uma enorme pequenêz.



Kim Berlusa

DOURO

DOURO

A caricia do Douro nas suas vides
amarradas aos esteios
e daqui a alguns meses
rebentam as pequenas folhas
para a festa do Estio

A chuva e o sol afagam-lhe o rosto macio
e o ciclo do vinho inicia a epopeia
dos trabalhos do campo
que veste uma nova indumentária
botões em flor sairão com os seus fios de trepar
e de agarrar arames
que desde a infância vão subindo, subindo
e alcançam os longes de abraço em abraço
até que os seus dedos recheados de cachos
vão pintando a doce cor das uvas
graças ao sol e ao calor

Veremos então as videiras adultas
com as uvas maduras, rubicundas,
e a alegria das aldeias anda no ar
com os perfumes
e à noite cantam às estrelas
os poemas de Baco
transparentes de vinho novo
que para ser bom terá de ser pisado

toda a terra canta nos festejos e no rubor das raparigas
o rio Douro passa lá em baixo
feliz e prazenteiro



Fernando Morais

POETA = SONHADOR


POETA = SONHADOR

O poeta é um sonhador
O sonho é o que nele impera
E empresta à vida o calor
De uma eterna primavera

Sonha rosas sem espinhos
Sonha noites de luar
Sonha que em seus caminhos
As pedras vai afastar…

Sonha um mundo de ternura
(Rosa ou Azul – tanto faz)
Sonha que dor e amargura
Se tornam justiça e paz…

O meu sonho, meu amado,
Bordei-o a ponto-cruz
Como um poente dourado
Teve sombra e teve luz…

E neste sonho continua
Neste já longo rimar:
“Meu amor, a culpa é tua,
Que me ensinaste a sonhar!”



Maria Augusta Silva Neves

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

PEREGRINO

PEREGRINO

Um poeta não bajula,
Não se verga ou tergiversa.
Sempre contra a tirania,
Vaidades não turibula
E, na sorte mais adversa,
Sonha sempre melhor dia.

A dar amora,
Que não mata a fome,
Mas conforta,
Um poeta verdadeiro
Dá a metade da manta
Ao mendigo que tem frio…

- São lágrimas de poetas
Muitas das cheias de um rio!


Pinto Cardoso

MADRID

MADRID

Espanha, Plaza Mayor
Madrid esquerda unida
Aznar, Gonzales, política
Paco, Botin – El País.
Paco, Botin te diz:
Buenas noches tio
Que ustedes aproveche
“Arroz de la casa”
“Gambas al guillo”
“Ensalada, Lechugas”
Comer para vivir!
Trabalho…..
Imaginar canções
Em festivais mecânicos
E o doce na boca
Produção de enérgica.

Gonzales, Aznar
Gonzales, Aznar
Isquerda Unida ao Sol.

Trabalho que falta
Gente que se agita, é malta.
Gracias
Thank You
Obrigado
TVE/TV5
Sol Plaza Mayor
Grito
Vivo e aperto o cinto



Luís Pedro Viana

AMOR TOTAL

AMOR TOTAL

Para a Ninfa da
«Concha de Poesia»
Com a profunda amizade
e admiração

Com que ansiedade, amor, eu conto os dias
Para que tu regresses da viagem!...
Que longo tempo é este de agonias
Que me percorre as veias, sem paragem!...

Neste cais, de horas tristes e vazias,
Eu te espero, em rastos de miragem!...
As manhãs, para mim, despertam frias
Sem o calor e o sol da tua imagem!...

Porque te quero muito eu sofro assim,
Não basta, meu amor, em ti pensar
E saber que também pensas em mim!...

Se tudo em nós, amor, é tão igual,
Não estranhes de eu tanto desejar
Tua presença e o teu amor total!...

Castro Reis
lido por Leonor Reis

A PRINCESA DE BRAÇOS CRUZADOS

A PRINCESA DE BRAÇOS CRUZADOS

- Não quero trabalhar, nem estudar, o que eu quero é namorar. – disse a princesa e cruzou os braços.
Dormia de braços cruzados e tinham que lhe dar de comer porque a princesa só podia abrir os braços para abraçar o namorado e não havia nenhum namorado para ela.
Quando se acabou o dinheiro, acabaram-se as criadas e acabou-se a comida. A princesa morreu de fome, muito suja, mas sempre de braços cruzados.
E nem os cangalheiros nem os médicos legistas lhe conseguiram descruzar os braços porque nem os cangalheiros nem os médicos legistas eram o namorado da princesa de braços cruzados porque não havia nenhum namorado para ela.
Foi conservada em formol dentro de um franco de vidro transparente para ser mostrada aos visitantes do Museu de História Natural. Na placa que dá informações sobre o conteúdo do frasco está escrito em latim: “só descruzará os braços quando lhe aparecer um namorado”. Todos no museu têm a esperança de que um dia um visitante saiba latim e seja o namorado da princesa de braços cruzados.
Mas a empregada de balcão do bar do Museu, menos positivista do que o resto do pessoal, resolveu fazer o mesmo que a princesa de braços cruzados. Por isso não há bicas para ninguém.

Adília Lopes
in “Obra”
lido por Sofia Santos

A mesa das ausências

A mesa das ausências

A mesa quadrada
A que me sento
Está cheia de
Ausências!
Uma a uma
Elas foram-se
Instalando
À sua volta.
Em cada lugar
Vazio,
A ausência
De alguém
Fala comigo;
De como é
Não estar presente
Ali,
No seu lugar
De sempre.
Mas na memória,
Na minha memória,
Eles estão.
E então,
Enquanto assim for,
Os ausentes
Da mesa quadrada
Continuam presentes.

Maria Antónia Ribeiro
in “Emoções”

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Poesia na Galeria

Maria Augusta Silva Neves
Maria Augusta Silva Nesves
Armando Paraty
Armando Paraty
Ilda Regalado
Ilda Regalado
João Pessanha
João Pessanha
Aurora Gaia
Aurora Gaia
David Cardoso
David Cardoso

 Ana Maria Roseira
  Ana Maria Roseira
 Manoel do Marco
 Manoel do Marco
 Acilda Almeida
 Acilda Almeida
 Carlos Andrade
 Maria Teresa Nicho
 Maria Teresa Nicho
 Eduardo Roseira declama poema de Maria Olinda Sol
 Carlos Andrade
 Beatriz Alves a receber o 1º prémio do sorteio
 Acilda Almeida recebe de Eduardo Roseira o 2º prémio do sorteio


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sessão Poesia 18-02-12

Leonor Reis
 Leonor Reis
 Maria de Lourdes Martins
 Maria de Lourdes  Martins
 Miguel Leitão
 Miguel Leitão
Silvino Figueiredo
 Silvino Figueiredo
 Sofia Santos
 Sofia Santos
 Celeste Costa
Celeste Costa
 Carlos Andrade
 Beatriz Alves
Beatriz Alves
 Maria Antónia Ribeiro
Maria Antónia Ribeiro