sábado, 26 de novembro de 2011

UMA GOTA DE ÁGUA DO OCEANO


UMA GOTA DE ÁGUA DO OCEANO

Uma gota de água do oceano,
A mesma matéria do oceano contém.
Até, é idêntica na sua composição,
Nas suas características e nas suas qualidades.
Mas o poder do oceano, não contém!

Uma gota de água no oceano,
É a individuação e não o colectivo,
E a individuação e o colectivo não são iguais.
Escalas diferentes têm!

Uma gota de água no oceano,
Várias gotas de água no oceano,
Unidas, imensas coisas juntas fazem.
A quantidade de água avoluma-se,
Muitos e variados peixes,
Passam a albergar,
Passam a alimentar!

Suaves ondulações,
Brancas ondinhas,
Ondas e vagas,
Podem criar e recriar,
Simplesmente,
Porque juntas estão,
E para o mesmo lado,
Todas simplesmente seguem!
E felizes descobrem,
Que a união faz a força!
Que a união faz parte da vida,
E da natureza parte faz!

Cristina Maya Caetano

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SITUAÇÃO ATMOSFÉRICA


SITUAÇÃO ATMOSFÉRICA
 
Vejo só cinzento
Carregado
Chuvoso
E chove mesmo!
Intenso!
Dia após dia
Sonhos vão nas enxurradas
Sem trovoadas
Com desejos tento afastar o cinzento
E ver o azul do firmamento
Mas quê?
Inventaram centenas de deuses
Milhares de santos
Eu bem peço
Mas chove a cântaros
Ouço prantos
A chuva é precisa nalguns dias
Mas não em tantos
Todos os dias mudo de camisa
Porque todas ficam encharcadas
E, se a chuva continuar
Fico de roupas sem mudas
Sem nada
Só com a pele nua e lisa
Na chuva a boiar de papo pró ar
Olhando o céu cinzento,
Mas, tentando olhar além dele
O azul no firmamento
Nem que seja d'olhos fechados!
Em sonhos
Vejo deuses e santos a chorar
Então, compreendo a razão de tanta chuva cair!
-"Porque chorais, seres divinais?
Vós,
Que sendo deuses e santos
Nunca cometeis nenhum deslize!"
 
"Pobre diabo!
Então, não vês que é devido à crise que está E à que há-de vir, Que não
podemos rir!
 
Daqui do alto,
Quanto nossa vista alcança,
Quanto veja,
Vemos que cai menos dinheiro na nossa bandeja, Por isso, estamos todos a
chorar, Por isso é que está tanta chuva a cair E não tarda darmos ordens
para trovejar"
 
"Mas, qual é o meu papel?"
Perguntei.
"Sofrer. E ficas, desde já, avisado,
Por toda a parte anunciado,
Que os milagres vão encarecer"
-"Quanto?"
"O que o Governo ou a Troika entender.
Eles, para se manterem fazem seus arranjos!
Nós,aqui, para as despesas do Céu;
Alimentação e lentes (para ver o que se passa) Também temos que fazer
arranjos Para manter o nível dos papos-de-anjo!
E se calhar, temos de chamar o Diabo
Para desenhar o plano das novas e taxas e impostos Celestiais sobre
rendimentos de trabalho e heranças.
Vocês, aí chamam aos diabos ministros das finanças.
Preparai-vos para sofrer,
Porque os milagres vão encarecer!
 
Deixai de ir aos restaurantes comer
E ide mais a missas.
Alimentai-vos de hóstias,
É preciso alimentar mais o espírito do que o corpo"
 
Acordei.
Deixei de estar de papo para o ar e pus-me rastejar.
Tinha começado a trovejar!



Silvino Taveira Machado Figueiredo
(o figas de saint pierre de
lá-buraque) Gondomar

PINTURA


PINTURA

Quando pego no pincel ou na paleta
escrevo ou pinto coisas pobrezinhas
umas melhores, outras mais daninhas
que tiro do pincel ou da paleta.

Umas vezes, só uso tinta preta
nas outras, ponho no céu asas alvinhas
Como se fossem almas de andorinhas
ou a algum Falcão guardasse na gaveta

Desconfio da cor das minhas tintas
Tenho inveja ao ver como tu pintas
Sinto-me triste, olhando os meus horrores

E, nos meus guardanapos de papel
Umas vezes, vomito os meus Ascos de Fel,
E nas outras, embalo os meus amores.

                   Autor desconhecido
declamado por Artur Santos

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ROSAS BRANCAS


“ROSAS BRANCAS”

Rosas brancas, emergem como dádiva duma negra jarra.
Escultura viva, de voz inaudível, desfraldada em luminosidade alienante.
Rosas brancas, consciência imaculada no obscurantismo.
Agridem as retinas, expirando poro a poro a lúcida fraternidade, dos sentidos.
Rosas brancas, numa negra jarra.
Ascendente trajectória, num feliz instante de libertação e paz.

                               Kim Berlusa

FINALMENTE


FINALMENTE

 - Ao Protector da Poesia
   Dr. Agostinhos Costa

Durante anos,
Busquei,
Durante decénios,
Procurei.
E, finalmente,
Encontrei!
Porque perdido
Na floresta do mundo
- Prestes imundo –
Foi cansativo encontrá-lo…

- Finalmente!
Aqui, convosco,
Um Pai da Poesia,
Amigo dos Poetas,
Guarda das Artes,
- Agostinho,
Diz-nos que daqui não partes!

Deus te abençoe,
Agostinho
E que, em todo o dia,
Protejas – sempre –
A Poesia!

                                  Manoel do Marco

SILÊNCIO


SILÊNCIO

Qualquer lugar é lindo e belo
Paradisíaco para meditar
Melodia aprazível um desvelo
É ouvir o amor a cantar.

Afrodisíaco envolvente
Místico temperamental
O silêncio força corrente
Paradigma do bem e do mal.

O silêncio a planície calma
Lezíria de vida e de paixão
O enlevo da nossa alma
A crista da ilusão.

Dia noite sol e mar
O silêncio meu calmante
Meu pensamento a valsar
Livre feliz radiante.

         João Pessanha
15/11/11

PARA O NORTE…


PARA O NORTE…
                PARA O NORTE!...

       A bússola do meu destino
Não quer nada com o Sul
Deste país pequenino,
Onde o mar é muito azul
          - Onde as águas, quentes, mansas,
          São o Céu para as crianças.

         Tem apenas um desejo:
- Que bússola caprichosa!
Ir um dia ao Alentejo
E parar em Vila Viçosa,
Procurar certa janela
Da rua do Angerino,
Onde nasceu Florbela
- A do trágico destino.
         E na doce claridade
Do Sol que se está a pôr,
Procurar “Soror Saudade”
Ou “Dona Charneca em Flor”.

       A bússola do meu Destino
Aponta-me sempre o Norte
Deste país pequenino
 - Que já foi rico e foi forte –
De mares (loucos, bravios)
Que me causam arrepios.

        E cá vou com o farnel
De saia muito rodada
Ao lado do meu Manel,
Cantando alto na estrada.

       Nesta jornada que faço
Quero parar no caminho
E procurar no espaço
O Poeta de Belinho,
Rezar as “Quatro Estações”
E com a alma lavada
 - De arrecadas e cordões –
Cantar de novo na estrada:
- “Para o norte, para o norte,
Que o norte é o meu caminho.
E a minha estrela da sorte
Está no norte…
Está no Minho”.

       A bússola do meu Destino
Quer que eu vá, estrada acima,
Para o norte… Para o Minho,
Para Viana do Lima,
Que reze em Santa Luzia
E à Senhora d’ Agonia.

Viana, que linda és
Na serra reclinada.
Com chinelinhas nos pés
E saia muito bordada,
Cheiras a rio e a mar
E à mimosa florida…
      - Quem me dera cá ficar
            Toda a vida…
              Toda a vida!...
    Mas a bússola da sorte
Diz-me sempre:
          “Mais p’ra o norte”!
        E de tropeço em tropeço
E de recife em recife,
Hei-de cantar no Carreço,
Hei-de bailar em Afife.
       Faroleiro, faroleiro!
Alumia o meu caminho,
Que eu tenho que achar primeiro
A sombra do “Fandangueiro”
Que dorme em lençol de linho.

     A bússola do meu Destino
 - Mas que coisa tão estranha! –
Para trás ficando o Minho,
Quer que eu vá até Espanha!
- Para as Rias, para as fontes
- Para o alto… para os montes!

       E a bússola do meu Destino
De “Vieiras” no chapéu,
Cajado do peregrino,
Leva o meu corpo, o meu Eu…
           … Nas asas do pensamento
                Ao Norte que me dá alento.

      - Bússola do meu coração!
Por que estranha fantasia
Queres que eu vá até Padron,
Onde morreu Rosalia?
       E porque – louca criança! –
Sem pensares nos meus desaires,
Queres que eu vá a “La Matanza
           Respirar
                        “Airiños aires?...
                             “Airiños, airiños aires…”

         E o meu pobre coração,
Tendo chorado em Padron
Novamente se comove
Porque
“Chove de mansinho
     - Porque de mansinho chove –
polas bandas de Laiño
polas bandas de Lestrove”.

      Já tenho um pé chagado
- São Tiago me conforte! –
Já perdi o meu cajado,
Já não sei onde há mais Norte…
      E de recife em recife,
E de tropeço em tropeço,
Não bailarei em Afife
Nem cantarei em Carreço.
            Porque a bússola da sorte
         Deixou-me só no caminho
  - Ficou para trás no Minho
              Para o Norte…
                    Para o Norte…

     São quatro horas da tarde.
A chuva cai na vidraça.
No lume, uma acha arde
Porque o frio me trespassa.

      Tenho esquecidos na mão
A agulha e o dedal.
A rádio toca Chopin
         - Música que me faz mal.

     Um chá torna-me feliz!
No lume brilha uma brasa
       - Que grande viagem fiz
         Sem sair de minha casa!...

                        Esmeralda Tavares de Carvalho
declamado por Alzira Santos

INTIMIDADES


INTIMIDADES

é nesta letra indecisa
que cruzo lentamente,
nó a nó,
oceanos de imaginário.
faço do papel o meu mar,
da caneta o meu navio.
ao leme – eu!
o meu destino
é ida sem volta.

através dos meus olhos/vigias,
o meu viver traça rumos
guiados pelo meu coração/bússola.

minhas poucas virtudes
são mar chão.
meus defeitos muitos,
mar encapelado,
vão construindo
as marés do meu existir.

a minha mente
é um oceano de ideias,
que controla
os meus modos/ondas
e minhas tempestades/manias.

… e assim vou navegando
nos mares das minhas
intimidades.

        Eduardo Roseira
in “Antologia do 1º Encontro de
Escritores e Artistas de Santa Marinha”,
Junta de Freguesia de Santa Marinha/Gaia, 2011

VERTIGEM


VERTIGEM

O ruído que desce da cidade
Pela noite onde a
Pobreza aumenta

É náusea na ausência da
Luz nos campos que já não
Florescem
Porque cedo muito cedo, não há trabalho
Nas fábricas fechadas.

Parado está o cerco e
A esperança.

Para além da estrada um rosto
Procura a
Alegria. Será ainda antes
Que a noite desça completamente
e
Que o luar apareça e
Festeje a Vida

Agarro esta náusea tão próxima
Do não-ser.

Por instantes
Sai vitoriosa a força
A coragem de querer

Uma vida social
Justa!
             Graça Patrão
Out. 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Poesia 19-11-11

 Fernanda Garcias
Fernanda Garcias
 Acilda
Acilda
Fernando Morais
Fernando Morais 
Maria Augusta Silva Neves 
Maria Augusta Silva Naves
Sofia Santos
 Sofia Santos
 João Pessanha
 João Pessanha
Celestina Silva
Celestina Silva
 Ana Almeida Santos

Ana Almeida Santos

Apresentação do livro de Fernando Morais com apresentação de
Danyel Guerra

Sessão Poesia 19 Novembro 2011

 Maria Teresa Nicho, Maria Augusta Silva Neves e atrás João Pessanha

 Fernanda Cardoso
 Fernanda Cardoso
 Manoel do Marco
 Manoel do Marco
 Ana Maria
 Ana Maria
 Leonor Reis

Leonor Reis
 Alzira Santos
 Alzira Santos
 Virgílio Liquito
 Virgílio Liquito
 Teresa Gonçalves
 Teresa Gonçalves

Miguel Leitão
Miguel Leitão

POESIA NA GALERIA 19-11-11










 Graça Patrão
 Graça Patrão
 Cristina Maya Caetano
 Cristina Maya Caetano
 Artur Santos
 Artur Santos
 Kim Berlusa
Kim Berlusa
 Maria Teresa Nicho
 Maria Teresa Nicho
 Eduardo Roseira
 Eduardo Roseira
 Maria Lourdes dos Anjos
Maria Lourdes dos Anjos