sábado, 28 de agosto de 2010
REQUIEM PELA AVENIDA DOS ALIADOS de Silvino Martins por Leonor Reis
REQUIEM PELA AVENIDA DOS ALIADOS
de Silvino Martins
por Leonor Reis
Que vento foi o que passou,
bárbaro e insano,
sobre a presença da Avenida
e sem piedade
desterrou,
do coração da cidade,
O pulsar mágico da vida?
Que mão funérea é que a má sorte
deixou que te tocasse
sem que ninguém previsse,
e pusesse
a lividez da morte
no teu rosto
que respirava
beleza e garridice?
Quem transformou
o encanto vivo dos jardins
que enchiam de alegria
os nossos olhos
e de magia
o nosso sentimento
neste deserto
estéril e cinzento?
Pobre espaço
Lírico e sonhador,
que mal fizeste a quem podia,
assim, de ti dispor?
porque pecado te mataram?
com a frieza
que inutiliza qualquer luta
e encerraram
teu coração
ainda pulsante
nem sepulcro assombroso de asperezas,
monotonia e pedra bruta?
Para as lágrimas de quem,
sentindo-se traído,
exprimo, em pranto,
a sua dor, o seu protesto,
não basta certamente
em tanque, em ti,
inútil e perdido…
morto e tão frio como tudo o resto.
Silvino Martins
Funcionário bancário
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