quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ABRAM OS OLHOS

João Videira Santos



ABRAM OS OLHOS

Não fecheis os olhos ao tempo que passa:
De Portugal ter lindo céu azul
No seu rumo a sul,
Mas viver no cinzento da desgraça;
Com mando mui bolorento
A navegar num tormento!

Vem aí o tempo de eleições;
Tempo de arrumar escolhos,
De tomar novas decisões
E de abrir bem os olhos.

Não fecheis os olhos
Ao tempo que passa.

Abram bem os olhos,
Varramos do céu azul
O cinzento que nele grassa…

Cada português,
Com sua pequena vassoura,
Por si e por sua vez,
Exploda, com seu voto,
A revolta que em si estoura!

Figas de Saint Pierre de Lá- Buraque

ADN

Marcelo Dias
ADN

Sou Molécula
Sou Célula
Sou Gene
Sou ADN
Sou Gnomo
Sou Cromossoma
Sou Embrião
Sou Feto
Sou Bebé
Ser que rasteja
Que anda de pé
Até Chico Esperto
Que fala
Que gesticula
Sou Educado
Sou Malcriado
Sou Poeta
Sou Treta
Sou Tudo
Serei Nada
Coisa Certa

                        Figas de Saint Pierre de Lá- Buraque

POEMA DE ENAMORADOS

FELIPE ALARCÓN ECHENIQUE



POEMA DE ENAMORADOS

Foi num claro dia,
Meu olhar bateu no teu,
Nesse momento houve poesia,
Um no outro poema leu!

Foram leituras doces, caladas,
Com hesitação no interpretar,
Mais tarde, com mãos dadas,
Saíamos, de cor,
Como os recitar!

E, em todos os dias seguintes,
Acrescentávamos estrofes e fonemas
Com melhores rimas e mais requintes

Quando, finalmente, juntámos as penas,
Fizemos dos outros ouvintes
Dos nossos doces poemas

                           Figas de Saint Pierre de Lá- Buraque

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Eduardo Roseira encena "Leite Derramado" de Chico Buarque
Lourdes dos Anjos recita presta a sua homenagem a Chico Buarque recitando
Carlos Andrade com a sua viola canta Chico Buarque
Eduardo Roseira, o sorteado com a obra da pintora Carmen Santaya

Poesia na Galeria no dia 19 de Fevereiro de 2011

Emília Costa
Lourdes dos Anjos sob o olhar de Constância Nery
e a pintora Carmen Santaya
Cristina Pessoa
Leonor Reis declama poemas de seu pai, Castro Reis
Joaquim Brandão
Maria de Lourdes Martins
Maria Augusta da Silva Neves
Rui dos Santos
Fernanda Cardoso
Eduardo Roseira a receber a obra sorteada pela pintora Carmen Santaya
Emília Costa

19 de Fevereiro de 2011

Lourdes dos Anjos declama
Cristina Pessoa
Miguel Leitão
Fernanda Cardoso
Silvino Figueiredo o Figas de Saint Pierre de Lá- Buraque
Leonor Reis
Joaquim Brandão
Maria de Lourdes Martins
João Pessanha

Regina Gouveia
Fernando Morais

POESIA NA GALERIA

Pintora Carmen Santaya e seu marido
Eduardo Roseira


Eduardo Roseira e Jorge Vieira
Carlos Andrade e a sua viola
Constância Nery
Carlos Andrade
Eduardo Roseira durante a encenação de "Leite Derramado"


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Poesia na Galeria


Cumprindo-se a tradição dos 3ºs Sábados de cada mês, dar-se-á o evento “POESIA NA GALERIA” no qual poetas e artistas confraternizarão, numa tertúlia mensal que perdura há mais de um ano, declamando poemas da sua autoria ou de outros autores consagrados. Carlos Andrade, Constância Nery, Cristina Maya Caetano, Cristina Pessoa, Eduardo Roseira, Jorge Vieira, Leonor Reis, Lourdes dos Anjos, Lourdes Martins, Fernanda Cardoso, Meg Klopper, Miguel Leirão e Rui Santos, são alguns dos artistas confirmados.

Sob o propósito de ter sido outorgado o Prémio PT 2010 a Chico Buarque de Holanda pela publicação do seu último romance com o título “LEITE DERRAMADO”, Eduardo Roseira representará um texto que extraiu dessa obra; Carlos Andrade interpretará vários temas do autor brasileiro e alguns dos poemas declamados serão da sua autoria. Será uma pequena celebração em homenagem a Chico Buarque feita com entusiasmo e empenho, de maneira que se ele por cá estivesse pudesse dizer: “Foi bonita a festa, pá!”

No final de festa, como é habito, será sorteada entre os artistas uma pequena obra, desta vez oferecida pela artista plástica Carmen Santaya que inaugurará, pelas 16 horas, no mesmo espaço uma exposição de pintura.

PAISAGEM SENTIMENTAL

Victor Silva Barros

PAISAGEM SENTIMENTAL

Rios de suor
leme em lume
cais onde o lodo reveste
qualquer desejo perene,
o barlavento assustado
e o gado desassossegado
neste fim do mundo
ausente,
águas salobras
que afectam os narcisos
gritos de uma voz desasada,
quilhas de barcos do tempo,
relógios de sol parados,
gargantas sequiosas
nos espaços inacabados,
destinos densos,
sílabas encadeadas
em amores finados,
frutos com lábios magoados,
cavernas abandonadas,
facas, gumes, queixumes,
poemas, livros, estantes,
e cada vez mais distante
o amor que se sentiu um dia!
Demónios mordidos,
vampiros caídos,
loucuras pensadas,
preces, risos e terços
presos em cada sermão
na triste procissão
do Senhor dos Aflitos!
Siso, choro e lamento
em ais de cais esquecidos,
filhos de um tempo esgotado
num estendal dependurado
nos quatro cantos do medo!
Momentos únicos do ano,
muros sentados na vida,
arpões, peixes castrados,
pátrias de bocas safadas,
monções, recordações,
porões, aleijões,
no adeus desesperado,
sem sentido e sem passado
ao amor que deixou de ser sagrado!

Maria Olinda Sol

Nunca digas que é tarde, meu amor

José González Collado

Nunca digas que é tarde, meu amor

Nunca digas que é tarde, meu amor
Se esta vida está aqui p'ra ser vivida,
Se o amor ilumina a nossa vida,
E a tristeza e sofrimento me dão dor.

Nunca me digas “É tarde!”, meu amor
Só é tarde quando não houver saída,
P'ro sofrimento da tua partida,
em quem te adora e te ama com fervor.

Um dia que eu não possa ver teu rosto,
E ouvir tua voz doce e perfumada,
Ficarei com a amargura do desgosto,

De te perder p'ra sempre, minha amada.
Até lá tenho tudo o que mais gosto,
Depois, não tendo a ti, não tenho nada.

Rui dos Santos

NASCIMENTO

José González Collado
NASCIMENTO

Nasce um verso de citrinos
e cordas em novas guitarras,
nasce um beijo em cada esquina
e ondas a oferecer poemas!
Ressurgem alquimias antigas,
em vasos contemporâneos,
pintadas por uma fada,
com palavras libertadas!
Abrem-se portas fechadas
a cavalos lusitanos
que oferecem no olhar
Primaveras despertadas!
Num jardim adormecido
em cestos de sonhos reais
nascem as rosas, os lírios
e ainda alguns sorrisos
com pétalas de madre – pérola
que se ofertam
a quem os quiser aceitar!

Maria Olinda Sol

Mulher, teu corpo é o jardim..

José González Collado
Mulher, teu corpo é o jardim..

Teu corpo é o jardim onde germina,
O desejo, o amor e a vida humana.
Teu rosto é flor, tuas mãos são rama,
De bondade imensa e genuína.

Tens a semente da vida em tua sina.
E para quem te fecunda e te profana,
Com a alegria e a dor que em ti se ufana,
Rasgas em mãe, tua candura de menina

E em teus braços que embalam a criança,
No teu colo, onde chora, em seu lamento,
És ninho de amor na árvore da esperança,

De amor eterno, mistura de tormento,
Com generosidade e entrega imensa
Como um sol divino, em firmamento.

Rui dos Santos

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

EM BUSCA DAS AURORAS

José González Collado
EM BUSCA DAS AURORAS

Um poeta é um pescador de estrelas.
Caçador de luares.
Faz emboscadas às auroras.
Funde-se nos sóis poentes
E é onde em todos os mares.

Nele o sonho dorme acordado!

O poeta é o autor da letra de todo o fado!

Lavrador que lavra em terrenos de desespero
e de dor
Para semear poemas de esperança e de amor,
Que dele esperam, a todas as horas.

Por isso,
É que um poeta é pescador de estrelas,
Um caçador de luares
que faz emboscadas às auroras!...

Silvino Figueiredo
17 Novembro 2005
in progressogondomar.com

CAIM

José González Collado
CAIM
 
Quem me fez mal? Quem me atirou as pedras
que partiram meus sonhos em pedaços?
E quem matou com baldes de água fria
os voos dos meus braços?
Quem fez o seu prazer dos meus cansaços
e a sua mágoa da minha alegria?
Quem me tirou dos lábios as cantigas?
Quem semeou urtigas
ao longo dos meus passos?
Quem saciou com lágrimas a sede
que eu tinha de viver?
Quem me deu a beber
o fel das incertezas?
Quem se riu dos meus cegos entusiasmos
e pôs em dúvida as minhas certezas?

Ah, não queiras saber! Encolhe os ombros,
nega, se for preciso, a realidade,
e se tudo ruir, sob os escombros,
insensato! não busques a verdade.

Fernanda de Castro
in "Asa no Espaço"
lido por Lourdes dos Anjos

FADO

José González Collado
FADO

Um sublime sentimento
Se transformou em canção.
É mais antigo que o tempo,
Parceiro do coração.

Nos seus estilos diferentes
É ouvido em qualquer lado,
Em ambientes tão quentes,
Sabe bem se bem cantado.

És castiço e gingão,
Teus poemas geniais,
Fazes chorar o coração
Nas vozes sentimentais.

Contributo da saudade
Em tuas frases fatais.
O teu canto é liberdade
Dos teus próprios ideais

Bem dedilhada, com garra
Na tasca da Madragoa
Solta um gemido a guitarra
Em melodia que ecoa.

É tradição tão antiga,
Aldeias, vilas, cidades,
Som de afectos, voz amiga,
E voz das minhas saudades.

João Pessanha
6/01/2007