sábado, 13 de novembro de 2010

A VALSA

CRISTIANE CAMPOS


A VALSA

A vida
   é uma valsa
      de falsa
         ilusão.
      Volteia
   tão cheia
de sonho
   e paixão.
      Começa-se
         a medo,
      passinhos
   sem jeito,
tropeços
   que a mãe
      ampara
         no peito.
      Não caias!
   Sai dessa,
caminha,
   vá lá.
      Acerta
         o compasso.
      É isso,
   já está!
Começa
   a correr,
      começa
         a saltar.
      Prá frente,
   sem medo!
Começa
   a sonhar!
      E vem
         a escola,
      liceu,
   faculdade;
Percebe-se
   então
      qual é a
         verdade:
      emprego,
   trabalho,
cansaço,
   tormento,
      juntando
         à mistura
      amor,
   casamento.
E o ritmo
   diário,
      ternário,
         acelera:
      manhã,
   tarde, noite,
não corras,
   espera!...
      E vêm
         os filhos,
      sarilhos
   dobrados.
E vem
   a doença
      com cheiro
         a finados.
      E luta
   que luta,
sem tréguas.
   Coragem!
      A vida
         é assim!
      Prossegue
   a viagem…

E chega-se
   ao fim
      olhando
         p’ra trás…
      A vida
   esfumou-se,
cansada,
   fugaz.
      O que é
         que ficou?
      Vazio…
   Saudade…
e um fundo
   receio
      da eter-
         nidade.
      Que está
   para além
do que
   já passou?
      Que a valsa,
         tão falsa…
      essa
   terminou!

José A. C. Pacheco de Andrade
in “Salpicos de Vida”
dito por Elvira Santos

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