CRISTIANE CAMPOS
A VALSA
A vida
é uma valsa
de falsa
ilusão.
Volteia
tão cheia
de sonho
e paixão.
Começa-se
a medo,
passinhos
sem jeito,
tropeços
que a mãe
ampara
no peito.
Não caias!
Sai dessa,
caminha,
vá lá.
Acerta
o compasso.
É isso,
já está!
Começa
a correr,
começa
a saltar.
Prá frente,
sem medo!
Começa
a sonhar!
E vem
a escola,
liceu,
faculdade;
Percebe-se
então
qual é a
verdade:
emprego,
trabalho,
cansaço,
tormento,
juntando
à mistura
amor,
casamento.
E o ritmo
diário,
ternário,
acelera:
manhã,
tarde, noite,
não corras,
espera!...
E vêm
os filhos,
sarilhos
dobrados.
E vem
a doença
com cheiro
a finados.
E luta
que luta,
sem tréguas.
Coragem!
A vida
é assim!
Prossegue
a viagem…
E chega-se
ao fim
olhando
p’ra trás…
A vida
esfumou-se,
cansada,
fugaz.
O que é
que ficou?
Vazio…
Saudade…
e um fundo
receio
da eter-
nidade.
Que está
para além
do que
já passou?
Que a valsa,
tão falsa…
essa
terminou!
José A. C. Pacheco de Andrade
in “Salpicos de Vida”
dito por Elvira Santos
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