quarta-feira, 4 de abril de 2012

NAVIO NAUFRAGADO

NAVIO NAUFRAGADO

Vinha dum mundo
Sonoro, nítido e denso
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.

É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.

Em ser redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes

E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves de cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos dos videntes.
 

Sofia
lido por Maria Antónia Ribeiro

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