MARION
BRANDO NA QUARTEIRA
Num
assomo que julguei ser de esquizofrenia
certa
manhã de Agosto resolvi vestir fato e gravataPentear-me como um forte fixador e afirmar na rua
essa diferente forma de enfrentar quarenta graus
Passeava-me entre os veraneantes de calção ou tanguinha
de panamá na cabeça e havaiana branquinha
Eu com o Giorgio bem engomado e os sapatos cintilantes
Uma gravata de seda e uns óculos provocantes
Olhava todos esperando perplexidade
Mas rapidamente dei conta que não era admiração que causava
Todos se riam à minha passagem
no café na tabacaria no barbeiro
Que estranho mundo este pensei eu
enquanto bebericava um Martini
Porque se riem? Não compreendem a elegância?
Seria inveja ou ignorância?
Nessa tarde fui preso por atentado ao pudor
Tinha-me esquecido de vestir as calças
Luís
Pedroso
lido
por Maria de Fátima Martins
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