sexta-feira, 27 de abril de 2012

MARION BRANDO NA QUARTEIRA

MARION BRANDO NA QUARTEIRA

Num assomo que julguei ser de esquizofrenia
certa manhã de Agosto resolvi vestir fato e gravata

Pentear-me como um forte fixador e afirmar na rua
essa diferente forma de enfrentar quarenta graus

Passeava-me entre os veraneantes de calção ou tanguinha
de panamá na cabeça e havaiana branquinha

Eu com o Giorgio bem engomado e os sapatos cintilantes
Uma gravata de seda e uns óculos provocantes

Olhava todos esperando perplexidade
Mas rapidamente dei conta que não era admiração que causava

Todos se riam à minha passagem
no café na tabacaria no barbeiro

Que estranho mundo este pensei eu
enquanto bebericava um Martini

Porque se riem? Não compreendem a elegância?
Seria inveja ou ignorância?

Nessa tarde fui preso por atentado ao pudor
Tinha-me esquecido de vestir as calças


Luís Pedroso
lido por Maria de Fátima Martins

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