José A. Cardoso
ESQUINAS DA CIDADELuzes da minha velha cidade,
Que iluminas as esquinas do prazer
E que nos dás a mais rude verdade,
Quando o sol procura adormecer.
Corpos que dançam por todo o lado,
Encostados aos muros do desalento;
Carros que param por um bocado,
Conversas sem ritmo para o momento.
Negócios desta vida atribulada
São a fonte viciada em cada dia,
Pelo telefone, de viva voz, à hora marcada,
Ritual do sexo em fantasia.
E por mais que ousamos esconder,
Esta é a realidade em que vivemos;
Corpos franzinos ou esbeltos, para vender,
Nos passeios que em cada hora percorremos.
Jorge Vieira
in "Manhãs Inquietas"
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