Victor Silva Barros
NO MEU QUINTAL
Havia rosas aveludadas
E dálias variadas
E cravos perfumados
E uma ameixoeira
Com frutos doces e encarnados
E uma laranjeira
Que o meu pai plantou.
Havia coelhos brancos
E ratos chinos
Com manchas pretas e amarelas
Que o meu pai criou.
Havia um enorme relvado
Com roupa branca a corar
E do quintal vizinho, apequenado,
Vinham ramos, enormes, duma pereira
Que, connosco, queria morar.
Depois, o silêncio chegou.
O vazio tudo ocupou
Entre as ervas daninhas,
Nas coelheiras vazias,
Na ausência de gestos repetidos,
Entre as palavras que ficaram suspensas,
Há agora a saudade que o meu pai semeou.
No quintal da casa onde cresci
Repousa a madrugada ensolarada
Do Maio florido em que nasci.
Lourdes dos Anjos
in "Nobre Povo"
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