terça-feira, 4 de janeiro de 2011

NO MEU QUINTAL

Victor Silva Barros

NO MEU QUINTAL

Havia rosas aveludadas
E dálias variadas
E cravos perfumados
E uma ameixoeira
Com frutos doces e encarnados
E uma laranjeira
Que o meu pai plantou.
Havia coelhos brancos
E ratos chinos
Com manchas pretas e amarelas
Que o meu pai criou.
Havia um enorme relvado
Com roupa branca a corar
E do quintal vizinho, apequenado,
Vinham ramos, enormes, duma pereira
Que, connosco, queria morar.
Depois, o silêncio chegou.
O vazio tudo ocupou
Entre as ervas daninhas,
Nas coelheiras vazias,
Na ausência de gestos repetidos,
Entre as palavras que ficaram suspensas,
Há agora a saudade que o meu pai semeou.
No quintal da casa onde cresci
Repousa a madrugada ensolarada
Do Maio florido em que nasci.

Lourdes dos Anjos
in "Nobre Povo"

Sem comentários:

Enviar um comentário