José González Collado
ZÉ-NÍNGUEMde olhos cerrados
vêem o futuro
que não existe.
de braços cruzados
acolhem a esperança
que não chega.
de corpos caídos
dormem a fadiga
do cansaço que não têm.
quando chegam a casa
lavam o suor
que lhes cai pelo corpo
devido ao esforço
da labuta de mais um dia
sem trabalho.
à noitinha,
de barriga vazia
em reza agradecem
o pão-nosso de cada dia
que ignoram quando chega.
quem são eles?
são quem são
sem serem alguém.
mistura do sim e do não
por serem:
os “zé-ninguém.”
Eduardo Roseira
In: "A Colheita Íntima"
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