ENQUANTO HÁ VIDA
Não se ouvem os miados do gato
nem os efes do fê:
ffffff…
Ronrona pelos cantos num miado,
parece as cadentes glosas das viúvas
em mês de Novembro,
choram por quem em vida lhes aqueceu o costado.
Levaste minhas asas… Asas que emprestaste…
Colocadas em beijos por tuas mãos.
Foram para lá do meu ser… Luz.
Viro-me ao contrário e
vejo de dentro para fora…
De fora para dentro…
Nada vejo, nem um fio pendurado
para me suster, agarrar… Ter razão!
Não existe grafite para escrever
as perguntas… As respostas
às quais não encontro palavras…
Já lavei a roupa toda,
já coloquei cloreto de sódio,
centrifuguei em rotações continuas,
ora devagar… Ora depressa com rapidez…
Nada;
Nem nódoa, nem mancha,
níveas como bragal de linho.
Perfeição!
Sou Beneditina… Soror Imaculada
no nosso amor, Luz.
Tenho o disco riscado de tanto girar,
não há a tecla do ponto de interrogação;
Faltam teclas.
Faltam teclas.
Faltam teclas
para compor as frases das perguntas…
Procuro a exactidão, o perfeito
como na estética das minhas mamas…
São órgãos pares como nós dois,
formamos um todo, o amor perfeito.
Não encontro erro para haver deformação
mas rigor!
Procuro verdadeiras palavras e
encontro palavras vertidas na nudez,
na razão de palavras inúteis…
O rei vai nu e a riqueza é fútil!
Fernanda Garcias
06/01/2012
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