A RIMA
Gosto de escrever rimendo
coa mesma musicalidade
que há no mar ondulando,
porque eu vivo, na verdade,
ouvindo as vozes do mundo
que sempre em mim eclodiram!
Não há silêncio profundo
e todos os sons me inspiram!
Que mundo havia lá fora
se tudo fosse diferente?
Emudecia? E, na hora,
aquele canto plangente,
chorado, saída da alma,
a que o mundo chama fado,
soando pela noite calma,
morreria então calado!
Silêncio até às tantas!
E acabava a poesia,
sufocada nas gargantas,
minha doce companhia
que vem meiga e cansada
contar-me lenda ao ouvido…
Às vezes é madrugada
e eu rendida do sentido,
Vou rimando o que me diz:
- Não tivesse a noite um fim,
todos os versos que eu fiz,
girando à volta de mim,
são letras, dirão! Não! São almas!
Lusa poesia que amei,
perdida pelas noites calmas
e tão minha, porque a criei!
Maria de Lourdes Martins
Dezembro 2011
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