sábado, 14 de janeiro de 2012

O POEMA DE NOS AMARMOS


O POEMA DE NOS AMARMOS

Quando não estás comigo
oiço o eco dos teus passos,
sinto um frio…um desabrigo…
sem o calor dos teus braços!

Corda de harpa em tensão
é a minha consciência;
não suporta a solidão
que me vem, da tua ausência.

E porque assim nos amamos?
Que mistério nos atrai,
que até se nos separamos,
meu sentir contigo vai?

Talvez porque o mar existe
e porque a terra o corteja…
A mesma atracção assiste
a quem se ama e deseja.

Talvez porque sol e lua
andem no céu se cruzando,
e até a pedra da rua
anda co chão namorando.

Talvez sejas a corrente
deste rio em que parti,
e eu, confiadamente,
me deixo levar por ti.

Talvez porque a nossa sorte
já decretou, ao nascermos,
seguirmos o mesmo norte,
os mesmos vales terrenos.

A minha ambição presente
é morrer a ti abraçada,
pois se partes à minha frente
no mundo não sou mais nada!

Mas esta minha vontade,
me forma no peito um nó…
partir com tal soledade,
sabendo que morres só?

Ai meu amor que dilema!...
Fragilidade que mata!
Nossa vontade plena
é ir na mesma fragata!

Se nossos corações em vida
batem unissonamente,
seria bom, na partida,
juntos deixar de ser gente!
                           
Maria de Lourdes Moreira Martins
in “Castelo de Legos”

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