RIMANÇO DO PAÍS
DAS UVAS
D. Mello e Mello
e mais Mello
deu dois tiros
na coutada.
“- Escapei por
um cabelo!”
disse a perdiz
desasada.
Dona Chuva
miudinha
que caía em
telha vã
viu a Bruxa
malvadinha
envenenar a
maça.
Diz o rei: “-
Abaixo o povo!”
Diz o povo: “-
Abaixo o rei!”
Lá vem D. Fuas
de novo
fazer respeitar
a lei.
Traz uma trança
comprida,
toda atada em
noz moscada.
Grita: “- Antes
nós do que nada…
Quem puder que
salve a vida!”
E os lobos que
andam à solta
toda a noite a
dar ao dente
descem da serra
e na volta
comem os olhos à
gente.
Armandinho vai à
tropa
aprender a
disparar
para salvara Europa
de quem a quer
devorar.
Com achas de
pessegueiro
Julião acende o
lume
para pôr no
fogareiro
o caldeirão do
ciúme
Fecham as portas
abertas
os cruzados nas
campanhas.
Almoçam a horas
certas.
Pagam o bife com
senhas.
E as donzelas
vão sorrindo
nas janelas da
avenida
ao galã Dom
Florindo
que já se vai de
partida.
“- Porra, porra,
meu senhor…”
queixa-se um
velho criado.
“Sempre a pedir
por favor!
Sempre a dizer
obrigado!”
E o amo que
usava venda
na vista
esquerda, coitado!
vendeu depois a
fazenda
os cavalos e o
criado.
Mello e Fuas de
Roupinho
com cama e roupa
lavada
enchem a mula de
vinho
e enguias de
caldeirada.
E um pobre que
passa à porta
pede um pedaço
de pão.
Dizem-lhe: “- A
coisa está torta.
Não se pode ser
patrão!”
Joaquim
Pessoa
lido por Maria de Fátima Martins
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