desperta a terra na mão longínqua do tempo
em silêncio nasce em todas as primaveras
funde-se no ventre abraçada á raiz
depois do céu se fechar
à chuva e ao frio do inverno.
docemente abre o ventre
emerge abundante fertilidade
brota o primeiro sopro verde
alegram-se raízes de fecundidade
em jardins a florir vida perfumada.
deuses do ar saltam de ramo em ramo
atrás da cor, do aroma e do sabor
sobre o néctar da terra derramam
seu glorioso canto acumulado
pela vibração de terem o prazer
de em todas as primaveras
nela verem nascer
auroras de amor, em fruto e em flor.
Teresa Gonçalves
in "Pleno Verbo"
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