MEDOS
Eu fui um príncipe encantado e ledo
que divagava à noite pelos montes
muito abraçado à sombra do arvoredo.
bebendo as águas de sombrias fontes…
E nesse tempo eu não sentia medo
dos mais estranhos vultos e horizontes,
embora me dissessem em segredo
que havia bruxas sob algumas pontes…
Hoje que eu tenho neve nos cabelos
(o que não é razão para esconde-l’os)
já ninguém vem falar-me de bruxedos.
Mas eu, agora, calmo, triste e mudo,
vejo um perigo em toda a parte e em tudo
e tenho medos, tenho muitos medos…
Oliveira Guerra
in "Algemas"
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