sábado, 12 de novembro de 2011

O MONTE DE VÉNUS


O MONTE DE VÉNUS

É aqui! É aqui! Já chegamos…
a este monte de sinuosas escarpas
com tanto esforço, arribamos.
É aqui a meta, o bulício da espera,
de quem espera…

Um suspiro de satisfação leva
para bem longe o cansaço.

Finalmente estamos no emaranhado da vegetação
de onde se avista até onde o olhar alcança.
A cordilheira de todas as montanhas
o nevoeiro dos grandes horizontes
vales e riachos que cantam
fremindo desse prazer augusto
de todos os aromas, de todos os encantos,
de todos os sabores.

Este monte é o monte de Vénus.

A nossa mão estende-se e toca-o…
Sente-lhe o calor tépido e húmido
os dedos enroscam-se-lhe no ondulado cabelo
que na obscuridade misteriosa palpita e entoa
canções murmuradas quase roucas.

É este chegar a casa cuja porta entreaberta
nos recebe para o abraço de boas-vindas.
Subtil o odor de algas marinhas
batidas pelo vento
que vem de muito longe, muito longe,
onde o ar é fresco e perfumado.
É o lar-doce-lar de todos os Ulisses…

Fernando Morais
in "O Poeta Escondido"

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