quarta-feira, 19 de setembro de 2012

AGARRAR AS LETRAS

AGARRAR AS LETRAS
 
Fazer poesia é agarrar as letras
Que flutuam no espaço do tempo
Trazidas e levadas
Quando lançadas
Ao vento
Por maldade?
Por despeito?
Por desrespeito?
Talvez!
 
Serão estas as letras que formavam
As palavras das promessas não cumpridas
Que com raiva e nojo
Foram lançadas ao vento, desfazendo-se
Do sentido com que as construíram
Sendo agora somente letras mortas?
Talvez!
 
Naturalmente eram as promessas
Feitas pelos abjectos seres
Que nos governam, têm poderes
E rancores
Estes não são os nauseabundos necrófagos
Que têm a morte no seu olhar?
São.
 
Agarremos as letras e construamos
Os alicerces das palavras audazes
Nós somos imensuravelmente capazes
De construir de novo
Igualdade, fraternidade, honestidade
Não somos nós um Olímpico povo?
Somos.
 
Não somos nós um país de temerários
Que descobriu mundos e fomos esculpidos
Em granito duro vindo das entranhas da terra?
Então! Então o porquê de tanta passividade?
Voltemos, voltemos de novo à nossa realidade
Construamos com as letras agarradas
A dignidade da nossa nação
Escrevamos, sim à democracia
Fascismo, NÃO… 

António D. Lima

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