quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Era uma bruxa tão desgraçada

Era uma bruxa tão desgraçada
Vassoura em pau toda quebrada
Nariz adunco perdido o cheiro
Quando alta noite sai do poleiro
Um galo preto como carvão
Que furioso a atira ao chão…
É seu rival, velho e matreiro
Pois o seu canto é o primeiro
Que à meia-noite saúda a lua
Que bela e nova se encontra nua.
E do celeiro cai de repente
Algo que estranho lhe parte um dente.
Será barrote ou uma telha?
Coitada da bruxa velha
Tão infeliz e desgraçada
Sem subsídios, desempregada…
Eis senão quando um aranhiço
Se enfia lento em seu toutiço.
Chega a fortuna. Até que enfim!
Ah! Ah! Não tenham pena de mim!
Mas chora a aranha sua desgraça.
No berço duro o que se passa?
À velha bruxa que me enganaste!
Devia saber que eras um traste!
E o teu toutiço de palha de aço
É disso prova. Então que faço?
É dia treze, dia aziago, é sexta-feira.
Não há feitiço sem feiticeira.
E meu veneno como é mortal.
Mata a peçonha; acaba o mal.
 
Ilda Regalado
13/07/12

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