sábado, 3 de dezembro de 2011

DOZE NATAIS


DOZE NATAIS

Não te lembraste de mim
durante onze meses e meio.
Passaste, encolheste os ombros
... e continuaste o teu passeio.
Mas eu estava lá.
Na mãe desesperada,
na criança esquecida,
no velho abandonado,
no homem desempregado.
Durante trezentos e sessenta e cinco noites,
contei quatro ou cinco dias
com alguns risos e alegrias.
Durante meses e meses sem fim,
não te lembraste de mim.
Da minha fome e da raiva
Da solidão que me enche
Do meu desnorte
Das lágrimas, azedas lágrimas...
Do nevoeiro que é minha mortalha
Da chuva que me agasalha.
Milagrosamente, apareces, com ar soberano
Nas duas últimas semanas do ano!
Contigo trazes muita gente:
um empresário que abriu falência,
uma dama vestida com decência,
um político que veio visitar o Norte
e um benfeitor alto,bem falante e "forte".
Chamam a comunicação social
e oferecem uma noite de Natal.
Tiram, por momentos, um CRISTO da cruz
e falam do nascimento de Jesus
- Daqui a doze meses, se Deus quiser,
vamos todos de novo aparecer.
Vamos festejar o Natal com o povo
e desejar a quem sofre, FELIZ ANO NOVO!

Com estes gestos, com falas assim,
Troçaste de todos, troçando de mim.
Quando o homem se libertar de tanta hipocrisia,
quando vivermos com alguma justiça social,
VAMOS SER PESSOA. VIVER COM HARMONIA
E partilhar, um ano inteiro, O PERFUME DO NATAL.

M. LOURDES DOS ANJOS - IN NOBRE POVO - EDIÇÕES GAILIVRO

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