CIDÁLIA
Pões-te
cá fora sem pejo
como
rubra sardinheira
a
incendiar a varanda
e o
desejo
de quem
te vê a cantar.
Toda te
expões,
assomando
de corpo e alma
à janela
escancarada
que tu
és e que te mostras
inteira,
a modos
que transparente;
e sem
medos,
sem
qualquer névoa
a
ocultar falsas reservas,
a
encobrir fingimentos
ou
segredos.
Fresca,
inocente, madura,
abres-te
em flor,
que eu
bem vejo
tua
corola fremente a sorrir
e a
espanejar,
levando
à loucura quem passa
e dando
voltas aos sonhos
de quem
de ti se aproxima;
mas que
afinal te receia
e te
rejeita,
e te
deixa aí esquecida
-
eternamente menina –
a
murchar,
ao
abandono,
por não
crer em paraísos
irreais…
A
felicidade aí tão perto,
mesmo à
mão,
não
passa de uma quimera!...
- Ilusão
de primavera,
conquista
fácil demais!
Miguel
Leitão
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