quarta-feira, 19 de setembro de 2012

CIDÁLIA

CIDÁLIA
 
Pões-te cá fora sem pejo
como rubra sardinheira
a incendiar a varanda
e o desejo
de quem te vê a cantar.
 
Toda te expões,
assomando de corpo e alma
à janela escancarada
que tu és e que te mostras
inteira,
a modos que transparente;
e sem medos,
sem qualquer névoa
a ocultar falsas reservas,
a encobrir fingimentos
ou segredos.
 
Fresca, inocente, madura,
abres-te em flor,
que eu bem vejo
tua corola fremente a sorrir
e a espanejar,
levando à loucura quem passa
e dando voltas aos sonhos
de quem de ti se aproxima;
 
mas que afinal te receia
e te rejeita,
e te deixa aí esquecida
- eternamente menina –
a murchar,
ao abandono,
por não crer em paraísos
irreais…
 
A felicidade aí tão perto,
mesmo à mão,
não passa de uma quimera!...
 
- Ilusão de primavera,
conquista fácil demais!
 

Miguel Leitão

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