porquê assim…
Porque não escolher outras
formas de dizer? Porquê evitar o discurso racional, organizado e objetivo e
deixar-me ir pelos sentidos mais ambíguos?
E porquê acreditar que um só
poema, às vezes uma quadra, apenas, pode substituir a ciência dos tratados e a
lógica dos manuais?
Como é possível encontrar
verdades em palavras tão rebeldes, tantas vezes insubmissas… despudoradas,
nuas?
Porque não havemos de
aprisionar os loucos, esses cantores do verbo?
Porque havemos de gastar o
tempo em fantasias inúteis de cabeças delirantes?
Acaso conheces os sentidos? Os
sentidos todos! Esses que nos matam a fome de saber, claro. E os outros… os que
precisamos descobrir para dar sentido às nossas vidas.
Quando os encontrares, procures
onde procurares, grita-mos de onde estiveres.
Pode ser num poema… para eu
poder comer. Mastigar avidamente…
Apenas porque tenho fome de
saber!
Ou então… acende as fogueiras
no quintal. Amordaça as bocas e apaga as luzes. Mas não cantes! Sobretudo não
cantes!
Eduardo Leal
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