QUINTESSÊNCIA
Busquei livros antigos, alfarrábios,
do alquimista quis saber os seus segredos.
Tomei em minha mão a bola de cristal
e nela me fundi em cruz axial.
Fui norte, sul, este e oeste,
fui terra, mar, vento e inferno…
Busquei perdido o sol no Oriente
e entre essa gente fui estranho rito.
Na Grécia antiga fui vidente e sábio,
fui o
passado, o presente e o futuro;
reinei
entre os deuses do Olimpo
sem que
ninguém me prestasse vassalagem.
Sou o
senhor das estações e da folhagem,
louco
pintor, que vai colorindo à toa…
Sou o
deus absoluto que tudo domina;
todos me
sentem mas ninguém me vê.
Não há
solução ou fórmula que me defina,
sou o
centro, o elemento quinto.
Nem
alquimia ou ciência exacta
sabem ao
certo a data em que ao mundo vim.
De todos
os mortais sou a ambição;
sonho
que conduz a espaços siderais.
Sou a
alteridade e a diversidade;
dentro
de mim mesmo, sou o outro eu.
Sou a
razão e a não razão da sincronia.
Sou
aquele que faz suceder à noite o dia.
Mesmo
inocente sou réu e culpado
e não há
lei ou tribunal que me defenda.
Sou
cavalo à solta sem rédeas ou freios.
Sou o
próprio símbolo do que é a liberdade.
Ser
primordial, sou uno, indiviso.
Pauta
musical dum canto impreciso
sou o
contraponto de uma sinfonia
sou a
quinta essência, o Tempo,
a
harmonia e desarmonia.
Ilda
Regalado
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