quinta-feira, 20 de setembro de 2012

QUINTESSÊNCIA


QUINTESSÊNCIA
 
Busquei livros antigos, alfarrábios,
do alquimista quis saber os seus segredos.
Tomei em minha mão a bola de cristal
e nela me fundi em cruz axial.
Fui norte, sul, este e oeste,
fui terra, mar, vento e inferno…
Busquei perdido o sol no Oriente
e entre essa gente fui estranho rito.
Na Grécia antiga fui vidente e sábio,
fui o passado, o presente e o futuro;
reinei entre os deuses do Olimpo
sem que ninguém me prestasse vassalagem.
Sou o senhor das estações e da folhagem,
louco pintor, que vai colorindo à toa…
Sou o deus absoluto que tudo domina;
todos me sentem mas ninguém me vê.
Não há solução ou fórmula que me defina,
sou o centro, o elemento quinto.
Nem alquimia ou ciência exacta
sabem ao certo a data em que ao mundo vim.
De todos os mortais sou a ambição;
sonho que conduz a espaços siderais.
Sou a alteridade e a diversidade;
dentro de mim mesmo, sou o outro eu.
Sou a razão e a não razão da sincronia.
Sou aquele que faz suceder à noite o dia.
Mesmo inocente sou réu e culpado
e não há lei ou tribunal que me defenda.
Sou cavalo à solta sem rédeas ou freios.
Sou o próprio símbolo do que é a liberdade.
Ser primordial, sou uno, indiviso.
Pauta musical dum canto impreciso
sou o contraponto de uma sinfonia
sou a quinta essência, o Tempo,
a harmonia e desarmonia.
 
Ilda Regalado

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