BATEU-ME
À PORTA
Bateu-me
à porta o poema
Com
batida meiga e doce? Virá pagar sua pena
Como se castigo fosse?...
Sentou-se à mesa comigo
E num tom de bem amoroso
Disse o poema orgulhoso
Eu sempre fui teu amigo!...
Do meu lado eu respondi
Com toda a sinceridade
Eu bem me lembro de ti
Basta veres a minha idade…
Que não é muita nem pouca
Só tem os anos que tem
É a voz da minha boca
Que é filha de mim também.
Já levantados da mesa
O poeta e o poema
A culpa já não lhes pesa
Cumpriram a sua pena!...
Depois da porta fechada
Fica o poema sentado
Calado sem dizer nada
Já com o poeta ausentado!...
Silvestre
Bastos
in “Poemas da mesma Mãe”
lido
por Ana Maria Roseira
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