quarta-feira, 30 de maio de 2012

CONTAMINAÇÃO

CONTAMINAÇÃO

Amo tanto as coisas simples, singelas,
os nenúfares, as rosas, malmequeres
e as mimosas em nuvens amarelas!
Amo o sorriso doce das mulheres
com os filhos pequenos nos seus braços,
como se eles fossem todo o mundo.
Amo as aves que voam nos espaços
para morrerem, porém, no chão profundo.

E no enrugado rosto do velhinho
amo os sulcos que o tempo cinzelou,
vivo a mesma saudade do caminho
por onde a mocidade já andou,
amo o velho lar onde se ajeita
preso à terra, às sombras do passado…
A roseira de trepa que o enfeita
e na lareira o fogo consumado!

E amo a pura vida campesina,
onde existe um rei, um rei no milheiral,
um rei vermelho, mas com a mesma sina,
com a mesma cor do sangue pastoral!
E o cantar do galo ao desafio,
o cheirinho ancestral do nosso pinho,
adoro as noites quentes do estio
que fazem crescer no campo o nosso linho.

Adoro o grácil corpo da criança,
sentada no portal do seu inicio,
agarrada ao umbral da esperança,
ansiando do bem o benefício!
Amo, enfim, a vida e em pleno!
Odeio as coisas fúteis, vãs riquezas,
Porém, bebo sem o querer esse veneno
e morro maculada de impurezas!


Maria de Lourdes Martins

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