sábado, 11 de junho de 2011

TRÁS-OS-MONTES


TRÁS-OS-MONTES

Por sobre as rochas negras, escarpadas,
a demarcar ao longe os horizontes,
nascem primeiro ali as madrugadas,
criando grande altar em Trás-os-Montes!
O rocio espalhou gotas de orvalho,
luzindo em diamantes contra a luz,
vai despertando à volta dum carvalho
toda a força animal que me seduz!

Soberana, a urze e a giesta
cobrem de encanto este soberbo chão!
E dão-lhe anualmente um ar de festa
em colorida e pura exaltação!
Aqui nasceu a graça e a beleza,
atinge o auge pelo mês de Abril!...
Cheia de garridice a natureza
dá-se inteiramente ao céu de anil!

Ó majestosas serras, ó mães da vida,
gerando puro sangue em Portugal!
Entro em vós de alma embevecida
como se entra em imensa catedral!
Porque te bebo o ar, depuro o sangue,
te como a carne em rituais ateus,
que o fogo me consuma, quando exangue
e o meu pó se perca em solos teus!
                                                                    Fevereíro.2007
                                                                     Maria de Lourdes Martins

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