CANTAR
DE VIVO
PARA UM
CAMARADA MORTO
Nas mãos
do vento uma guitarra arde.
É tarde.
É tarde. E o meu poema pouco.Que um deus qualquer a tua fúria guarde.
Que qualquer deus te ame. Ou qualquer louco.
No fundo do olhar morre a gaivota.
É cedo. É cedo. Vai gritando o vento.
E leva em cada asa uma derrota.
E põe no céu de Abril o sofrimento.
É cedo. É tarde amigo. Ai é tão cedo!
É tão macia a noite. E negra a cama.
coberta com lençóis do teu segredo.
Para ti não há loiros. Não há fama.
E enquanto um povo lavra o chão do medo
o poeta rasga as veias sobre a lama.
Joaquim
Pessoa
lido
por Lourdes dos Anjos
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