terça-feira, 29 de maio de 2012

PORQUE HOJE É SÁBADO!...


PORQUE HOJE É SÁBADO!...


Que faz um homem ao Sábado? Que diferença faz um Sábado da Segunda-feira? Olho para o sol, não vejo nenhum letreiro dizendo que hoje é Sábado! Dessas coisas o sol não sabe, nem o meu cágado (um analfabeto) que pachorrentamente se passeia no quintal sabe que hoje é Sábado! Nem o macaco, que passeia de ramo em ramo na floresta, nem as marés alteram seu marear, nem os rios as suas correntes correndo pró mar sabem que hoje é Sábado!

Imaginem, hoje, Sábado!... dia de descanso, dizem.
Depois vem o Domingo, depois a Segunda e Terça-feira, etc. Todos pretendem ser dias diferentes dos precedentes, mas não, mão o são porque: o tempo não tem calendário, porque em mudança contínua. A prova-lo estão os ditos populares:

- “Agora os tempos são outros”
- “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”
- “Isto agora não é como dantes”
- “Antigamente é que era!”
- “Hoje está tudo mudado”

Estas expressões provam que, afinal, os Sábados de hoje não são como eram os de outrora!

Mas hoje é Sábado! Para que serve o Sábado? Para descansar?
Então não é no trabalho que o homem descansa?
E os milhões que não trabalham!? Para que querem os Sábados?
Para descansar?

Ao Sábado, toda a gente toda a gente devia ir para a cadeia! Lá é que se descansa, ou então ir até ao cemitério ver outros a descansar!
Assim, ao Sábado, dia de descanso, dizem, acabava-se a correria para os Centros Comerciais, pecando-se nas compras ou a ver as montras!

Ao Sábado não devia haver boletim meteorológico, nem farmácias de serviço, nem vendedores ambulantes, nem arrumadores, nem hospitais abertos, nem futebol, nem touradas, nem boxe!... nem ministros de serviço!...
Ao Sábado, porque é Sábado, todos deviam imitar o meu cágado!

Talvez por ser Sábado, é que eu hoje 730576 dias D.C., escrevi este texto olhando, pachorrentamente, para o meu cágado, que, como já disse, não sabe que hoje é Sábado nem que amanhã será Domingo; dia do Senhor, dia em que caiu uma ponte num rio de dor!

Para responder aos avisos de perigo, quiseram contratar o meu cágado!...
Sinto-me culpado.
Talvez, em vinte anos, ele tivesse levado a resposta do ministro e não tivesse acontecido o sinistro.
E porque hoje é Sábado, eu escrevi isto, pensando que Portugal anda ao ritmo do meu cágado!

O autor que aos Sábados faz o que faz noutros dias que não são.

Silvino Figueiredo
Figas de Saint Pierre de Lá-Buraque

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