PESADELO
Esta
noite é pesada como chumbo.
Meus
versos são fantasmas que eu sei de cor…
e
passam um a um na minha frente
banhando
a minha fronte de suor.
Nem
uma estrela só por entre as trevas.
Lá
fora só há vento…
negro
vento…
E eu
grito ao vento:
- Porque não me levas?
- Acaba duma vez meu sofrimento!
Mas o
vento não quer.
E
novamente os versos
passam…
são
fantasmas…
e
quando passam dançam.
Dançam
danças-plasmas,
dançam
e não
se cansam.
Nem
uma estrela só.
Como
é sombria
a
noite lá de fora sem estrelas dentro…
E eu
grito:
- Vem a mim, ó Deusa d’Agonia!
- Acaba-me de vez meu sofrimento!
Mas a
Deusa não quer.
E
novamente os versos
passam…
são
fantasmas…
e
quando passam dançam.
Dançam
danças-plasmas,
dançam
e não
se cansam.
Sinto
o peso da noite a oprimir-me o peito.
Pára-me
o coração por um momento…
e
grito:
- Ó noite, vem buscar-me ao leito!
- Acaba-me de vez meu sofrimento!
Mas a
noite não quer
E
novamente os versos
passam…
são
fantasmas…
e
quando passam dançam.
Dançam
danças-plasmas,
dançam
e não
se cansam.
A
febre foi-se embora.
Já
respiro fundo…
Já
quase não suo
Invado-me
de calma…
Mas
novamente os versos
pesados
como chumbo
Nas
suas danças plasmas
me
vão pisando…
a
alma.
Ulisses
Duarte
in “Da Minha Paisagem”
lido
por Eduardo Roseira
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