POR UMA
MOEDINHA
Percebi-me,
sem ponta d’inspiração,
vontade
d’escrever em verso
mesmo
sóbrios, pensares d’ocasião
q’em mim
afloram. – Submerso
num
marasmo por inactividade
decidi
ir-me pela cidade
“Uma
moedinha, tenho fome
bondade
sua, por favor!
- fiquei
só no mundo, tome
leia-me
esta carta, doutor!”
Moedinha
é de todo indivisível
Partilhada,
só se destrocada,
e para
que fique percetível
foi-se o
analfabeto fiquei sem nada.
- Em
redor, gente c’riso trocista,
não viu
o despiste dum automobilista!
Morria
Ambrósio da Silva Penteado
sobrevivente
da guerra d’ultramar
asseguro,
colhido por carro importado
sabe-se
lá se ainda… por pagar
Não tive
coragem de reaver do chão,
a moeda
que mudara de mão.
Adolfo
Castelbranco
Sem comentários:
Enviar um comentário