ESPERAS
INÚTEIS
Tanto
tempo te esperei
sem dar
pelo correr das horas
e da vida
à margem de mim
— estéreis compassos de espera
sem haver fruto a valer!
e da vida
à margem de mim
— estéreis compassos de espera
sem haver fruto a valer!
Tu não
vinhas
e, se
vinhas,
não vinhas de modo inteiriço,
tendo deixado, algures,
caída,
uma boa parcela,
a melhor parcela de ti.
E, quando vinhas,
Eu não te podia esgotar
no teu ser incompleto,
no teu ser oco por dentro
— eras só casca de fora,
que o miolo lá ficara
por paragens bem estranhas,
mas em que tu bem te querias
e a olhos vistos medravas.
não vinhas de modo inteiriço,
tendo deixado, algures,
caída,
uma boa parcela,
a melhor parcela de ti.
E, quando vinhas,
Eu não te podia esgotar
no teu ser incompleto,
no teu ser oco por dentro
— eras só casca de fora,
que o miolo lá ficara
por paragens bem estranhas,
mas em que tu bem te querias
e a olhos vistos medravas.
Consagrei-te
tempo a mais
em
esperas sucessivas,
prolongadas,
dolorosas…
mas inúteis!
Agora, bem podes vir.
Podes vir quando quiseres
que não mais darás por mim
nem sentirás nos ouvidos
o eco frio de meus passos
— passos perdidos,
a dobrarem as esquinas
e a arrastarem-se no chão
de gares calcorreadas
em tantas esperas
em vão.
prolongadas,
dolorosas…
mas inúteis!
Agora, bem podes vir.
Podes vir quando quiseres
que não mais darás por mim
nem sentirás nos ouvidos
o eco frio de meus passos
— passos perdidos,
a dobrarem as esquinas
e a arrastarem-se no chão
de gares calcorreadas
em tantas esperas
em vão.
Vi o
tempo a ir-se embora,
as horas
a irem voando
como pássaros friorentos
a imigrar,
em cata de outra morada.
Desandei…
e fui com eles,
ansiando primaveras
que, tardias,
ainda darão cor ao viver!
como pássaros friorentos
a imigrar,
em cata de outra morada.
Desandei…
e fui com eles,
ansiando primaveras
que, tardias,
ainda darão cor ao viver!
“Quem
espera desespera”, bem eu sei,
mas não
foi o desespero
que te pôs termo e à espera,
fui eu.
que te pôs termo e à espera,
fui eu.
Eu
que
agora já não te espero…
apenas…
porque não quero!
apenas…
porque não quero!
8 de outubro de 2012
Miguel Leitão
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