quarta-feira, 24 de outubro de 2012

DE PROFUNDIS


DE PROFUNDIS
 

Alguém
no breu da noite
fitou meus fundos olhos
alguém quer que eu me afoite

(desfolho-me e desfolho-os)

alguém
além
me chama
e estende hercúleos braços

(revolvo-me na lama
olhando
longe
os astros)

alguém gritou
- eu posso!

(e o eco devolveu
a escuridão do poço
à luz que vem do céu)

além do vão de um fosso
alguém a voz ergueu
voz de quem ninguém eu ouço
e aquém de quem sou eu



Fernando Pinto Ribeiro
in: "Poetânea "
lido por Ana Maria Roseira

Sem comentários:

Enviar um comentário