sábado, 17 de março de 2012

PORTUGAL MORREU!

PORTUGAL MORREU!

Mais não direi em verso.
Vou partir.
Outra linguagem tenho que aprender.

Poluiu-se o Universo.
Quem venceu foi o Inferno.

Camões, que pensei eterno,
Acaba de morrer
Com tudo que restava de Alcácer Quibir…

Adeus Tejo, adeus Lisboa!
Adeus praia lusitana…
Partindo, vou à toa,
Perdidos os confins da Taprobana!

Não quero a luz estranha
Dos estranhos amigos
Que à sombra da mesma cruz
Enfrentaram inimigos
Da doutrina de Jesus,
E que agora tanto ofendem
Com as promessas que vendem!

Adeus rouxinóis e outros passarinhos…
Adeus fontes e montes maninhos!
 
Não vou partir…
Não vou morrer…
- O dia que há-de vir
Pior não pode ser!...

Adeus Lua…
Adeus flores…
- Agora até na rua
Se abandonam os amores…

Não soube riscar no papel
Toda a verdade
Da Liberdade…
Tão falsa e cruel…

Acabou-se o meu tormento!
Não vou mais torturar o pensamento
Com rimas e medidas…
- Minhas horas são cumpridas!

E o que me resta, afinal,
Neste velho Portugal?...

- Resta-me o resto
Da língua de Camões
E, de certa maneira,
Mesmo com muitos rasgões,
Sua ditosa Bandeira!
 

Manoel do Marco

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