sexta-feira, 9 de março de 2012

Suspenso o retrato

Suspenso o retrato
Parou os ponteiros do tempo.
Ao canto da sala
O gato de porcelana
Adormeceu no sofá e o baú
Suspira cheiros a alfazema
De serões e festa.
Do alpendre da casa
As aves há muito partiram
E levaram consigo risos de criança.
No jardim a pereira esquecida dos frutos
E das mãos que a colheram
Perdeu a folhagem…
Lá dentro no quarto de velho
Suspenso o retrato onde a noite
Tece molduras efémeras de eternidade.
 

Ilda Regalado
Lido por David Cardoso

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