INDUMENTÁRIA
A roupa
que se vestia
Era
pouco variadaE, em geral, toda ela,
Em casa confecionada…
P’ra os
homens faziam calças,
As
camisas, as ceroulas.P’ra as moças faziam blusas,
Às vezes cor de papoilas.
Muitas
vezes com folhinhos,
Com
rendas ou guarnições,Faziam também cuecas,
Sotiãs, combinações…
Faziam
saias talhadas
E
bonitos aventais;Lindos vestidos de seda,
P’ra levar aos arraiais.
As
mulheres de certa idade
Usavam
saias com roda,Sempre bastante compridas;
Era aquela a sua moda.
Diziam
as mães às filhas,
Como
recomendação,Esta quadra que se segue,
Para a qual chamo a atenção.
“Do
joelho para baixo
É p’ra
toda a gente ver.Do joelho para cima,
Só p’ra quem o merecer.”
Aos
serões faziam meias,
Meiotes
e até bordados;Camisolas ou crochet
E os linhos eram fiados.
Xaile e
lenço na cabeça
Para
assistirem à missa.As solteiras punham véu.
Iam todos, sem preguiça.
O
calçado que usavam
Também
pouco variava.Um par ou dois cada um,
Com pouco se contentava.
Sandálias
ou umas tamancas
No tempo
quente de verão,Mas havia quem andasse
Se pés descalços no chão.
Um
parzinho de sapatos
Só p’ra
certa ocasião…E que só eram calçados
À entrada da povoação.
Os
homens no dia-a-dia
Usavam
bota grosseiraCom os rastos de pneu
E, no Inverno, de madeira.
Só iam
ao alfaiate
Uma vez
em toda a vida,Mandar fazer fato escuro,
P’ra desposar a escolhida.
E
geralmente esse fato
Que fora
do casamentoServia para a mortalha,
Quando chegasse o momento.
Agora já
não é assim.
Já
vestem igual à cidade.Até veste roupas claras,
Mesmo a gente já de idade.
Já não
tem preconceitos,
Já
vestem seja o que for,À exceção das viúvas
Que repudiam a cor.
Para
arrumarem as roupas
Tinham
arcas de madeira.Agora são guarda-fatos
Com mesas de cabeceira!
Celeste
Costa
in “Minha Terra e Eu”
C. J.
Soares Costa
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