sexta-feira, 9 de março de 2012

INDUMENTÁRIA

INDUMENTÁRIA

A roupa que se vestia
Era pouco variada
E, em geral, toda ela,
Em casa confecionada…

P’ra os homens faziam calças,
As camisas, as ceroulas.
P’ra as moças faziam blusas,
Às vezes cor de papoilas.

Muitas vezes com folhinhos,
Com rendas ou guarnições,
Faziam também cuecas,
Sotiãs, combinações…

Faziam saias talhadas
E bonitos aventais;
Lindos vestidos de seda,
P’ra levar aos arraiais.

As mulheres de certa idade
Usavam saias com roda,
Sempre bastante compridas;
Era aquela a sua moda.

Diziam as mães às filhas,
Como recomendação,
Esta quadra que se segue,
Para a qual chamo a atenção.

“Do joelho para baixo
É p’ra toda a gente ver.
Do joelho para cima,
Só p’ra quem o merecer.”

Aos serões faziam meias,
Meiotes e até bordados;
Camisolas ou crochet
E os linhos eram fiados.

Xaile e lenço na cabeça
Para assistirem à missa.
As solteiras punham véu.
Iam todos, sem preguiça.

O calçado que usavam
Também pouco variava.
Um par ou dois cada um,
Com pouco se contentava.

Sandálias ou umas tamancas
No tempo quente de verão,
Mas havia quem andasse
Se pés descalços no chão.

Um parzinho de sapatos
Só p’ra certa ocasião…
E que só eram calçados
À entrada da povoação.

Os homens no dia-a-dia
Usavam bota grosseira
Com os rastos de pneu
E, no Inverno, de madeira.

Só iam ao alfaiate
Uma vez em toda a vida,
Mandar fazer fato escuro,
P’ra desposar a escolhida.

E geralmente esse fato
Que fora do casamento
Servia para a mortalha,
Quando chegasse o momento.

Agora já não é assim.
Já vestem igual à cidade.
Até veste roupas claras,
Mesmo a gente já de idade.

Já não tem preconceitos,
Já vestem seja o que for,
À exceção das viúvas
Que repudiam a cor.

Para arrumarem as roupas
Tinham arcas de madeira.
Agora são guarda-fatos
Com mesas de cabeceira!
 

Celeste Costa
in “Minha Terra e Eu”
C. J. Soares Costa

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