SAUDADE
A minha irmã Saudade é companheira
que não me desampara um só momento,
como se houvera feito um juramento
de conviver comigo a vida inteira.
Às vezes, fatigado à sua beira,
eu penso abandona-l’a, e, nesse intento,
procuro companhia mais palradeira
que possa dar-me algum contentamento.
Mas como abandonar por um só dia
em troca duma insípida alegria
a velha amiga a quem eu não resisto?
Se conseguisse dela separar-se,
dela eu voltava logo a aproximar-me,
com novo apego nunca dantes visto…
Oliveira Guerra
in Algemas
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