QUEM SOU
Sou andarilho.
Filha das entranhas da Terra.
Meu pai é o tempo,
a chuva me dá alento e
aqueço as entranhas
na praia deserta.
Já tropecei e caí,
forte e hirta me ergui,
em pedra dura me transformei.
Sou montanha rochosa, cor de ocre
onde ressoam os ecos cinzentos do Silencio.
De verde me vesti e
de árvores a paisagem florestei.
Desci pelas vertentes…
… nas planícies estendo meus cabelos…
Minhas camas são as searas
onde me deito e amareleço.
Sou milho, trigo,
colhido e moído.
Sou o pão de todas as mesas,
” Hóstia Sagrada”.
Canto e assobio com os pássaros.
Choro amarguras com o vento agreste.
Quando subo nas nuvens
abraço os “Anjos” e
beijo o rosto a “Deus”.
Tenho os pés carcomidos
de tanto percorrer
terra, areia, penhasco e rochedo.
Nada me mete medo.
Delicio meus pés nos ribeiros
que percorrem meu corpo e
refresco-me nas águas do Oceano.
Enfeito-me de giestas,
de margaridas brancas e amarelas
e quando enfureço
me pinto de rubras papoilas
e distribuo alegria.
O Sol da vida em mim crepita,
braseiro que te aquece,
à noite a escuridão me arrefece.
Sou vagabunda na sombra,
tenho o luar por companhia e
no seu leito níveo, sonhos azuis.
Em segredo sou amante do mar,
entrego-me, deleito e vivo…
Fernanda Garcias
Sem comentários:
Enviar um comentário