sábado, 30 de outubro de 2010

CRIAR MUNDOS

José González Collado
CRIAR MUNDOS

Levemente, e por acaso,
Pouso o lápis no papel e sai um ponto.
Minúsculo,
Imperceptível,
Inútil e inofensivo.

Uma ideia surge a pressionar meu braço e
O ponto vai-se arrastando.

Já não é ponto,
Mas um risco que caminha,
Que volteia,
Que se enrola sobre si e se contrai
Para se distender outra vez
E de novo se soltar.

E ora calmo, ora nervoso,
Ora lento, ora veloz,
Continua o seu traçado:
Desliza, avança, hesita e pára;
De novo arranca, ágil,
Dá um pulo
E retrocede;
Afirma-se, prossegue, repete-se e desdobra-se;
Preenchendo a folha de papel.

Desenho, ou texto?

Tanto faz:
É todo um mundo a surgir!

Miguel Leitão
in Em nome das palavras

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