sábado, 30 de outubro de 2010

O MEU POEMA

Carlos Godinho
O MEU POEMA

Os poetas
São os patetas,
Uns mentirosos.
Fazem poemas!
Dizem-se tristes,
Sempre chorosos,
Os mentirosos
Dos poetas,
Esses patetas.

Cantam amores,
Mas não sentem
E mentem:
Choram escrevendo,
Riem vivendo,
Os mentirosos
Dos poetas!
Que patetas!

Já fui poeta.
Será que menti?
Cantei flores,
Julguei chorar,
Julguei sofrer,
Julguei amar,
Julguei viver…

Fui um pateta
E não vivi!

Agora não sou poeta.
Já não sei rimar,
Mas tenho um lema
E um poema
Para ti.

Esse poema
Não o escrevi.
Não é feito de palavras!
Não se lê
Nem se escreve
Nem se canta
O meu poema!
Não é p’ra pôr num jornal
Nem é verso de jogral
Nem de segrel
O meu poema!

O meu poema
Á fogo ardente,
É água a correr da nascente.

O meu poema
É grito abafado no peito,
É remexer-se no leito
Em noites de solidão.

O meu poema é vida ,
É guarida
De anseios meus.

O meu poema é calor,
É alimento,
É luz,
É sofrimento,
É fome,
É movimento,
É sede deveras sentida.

O meu poema é magia,
É alegria,
É poesia…

O meu poema…é amor!

Miguel Leitão
in Em nome das palavras

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