MERIDIONAL
CABELOSÓ vagas de cabelos esparsas longamente,
Que sois o vasto espelho onde eu me
vou mirar,
E tendes o cristal dum lago
refulgente
E a rude escuridão dum largo e
negro mar;
Cabelos torrenciais daquela que
m’enleva,
deixai-me mergulhar as mãos e os
braços nus
No báratro febril da vossa grande
treva,
Que tem cintilação e meigos céus de
luz.
Deixai-me navegar, morosamente, a
remos,
Quando ele estiver brando e livre
de tufões,
E, ao plácido luar, ó vagas,
marulhemos
E enchamos de harmonia as amplas
solidões.
in “O livro de Cesário Verde”
lido
por Amândio Vasconcelos
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