quinta-feira, 28 de junho de 2012

UMA ESTÓRIA

UMA ESTÓRIA

Eu amo os pequenos nadas
que displicentemente
transformas em madrugada!
E os nadas são, de repente,
um sentir mais que profundo!
Que força é essa, meu bem,
que me dá tudo no mundo
mesmo o que o mundo não tem?

Se de mim estiveres perto
e a chuva caia lá fora,
todo o céu é céu aberto,
vejo alegria em quem chora!...
Soberba força é a tua,
que mesmo de mim ausente,
vou para ti de alma nua
como quando estás presente!

Querer de arroubos serenos,
mais do que a mim, eu te quero;
se te ausentas fica o menos
e o mais é meu desespero!
Sinto-me ausente daqui…
Meu amor, que força é esta
que mata estando sem ti
e contigo só vivo em festa?

Sou já semente madura
que por ti floresceu;
sou trigo na planura
que deu pão, me transcendeu!...
E por longínquos trilhos,
entre alegrias e medos,
cinco são os nossos filhos
como da mão são os dedos.

          MARIA DE LOURDES MOREIRA MARTINS

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