ONDE ESTÁ O S. JOÃO DO PORTO?
Onde estão as rusgas
Com testos, pandeiretas e bombos?
Onde estão os miúdos que os pais
carregavam nos ombros?
Onde está o S. João duma noitada
sem fim
Das ilhas da Lomba, de S. Vítor, da
Sé
Das Eirinhas, das Antas, do Bonfim?
Onde estão as rusgas com vozes
desafinadas
De meninas solteiras, de mulheres
casadas,
De castas viúvas e de moçoilas
"enganadas"?
Onde está o S. João tripeiro com
apalhaçados borrachões.
Com novos, velhos, operários, doutores
e loucos foliões
Com ditos brejeiros, com beijos e
amores passageiros
Com cidreira, alho-porro, e ramos
frescos de cheiros?
Onde está o S. João, o meu S. João
do Porto?
Num martelo de plástico sem graça
Numa bebedeira que adormece na
Praça
Num palco para estrelas de TV, na
Ribeira
Numa fila de gente ulutante, sem
eira nem beira!
Ai Porto que te deixaste lentamente
matar
E eu morro cansada de, por ti,
chorar
Foram-se as rusgas, as cascatas, as
tradições
Morreram os catraios que pediam,
pró Santo dois tostões
Ficaram as histórias, as memórias e
a eterna saudade,
Da noite mais Linda, mas Louca,
mais Livre da minha Cidade.
Maria
de Lourdes dos Anjos
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