sábado, 9 de junho de 2012

SANGUE

SANGUE

Amasso a carne dura dos meus versos
entre os dedos gretados
e dou-lhe as formas que desejo dar-lhe
com golpes imaginados
e fico depois revendo
as formas encontradas,
as formas do meu sangue e dos meus nervos,
as formas desejadas.
Mas fica em mim a angústia latejante
de que esta carne viva do meu ser
é morta para o mundo que a não sente
nem pode compreender.
Sangue das minhas veias, corre em vão,
escoa-te a pouco e pouco
até ficar vazio o coração.
Sangue das minhas veias corre e seca
sobre a terra batida
sem deixar a nódoa ou mancha
da extinta vida…
                  

Oliveira Guerra
in “Algemas”

Sem comentários:

Enviar um comentário