CULPA
Eu vejo que ninguém de mim se abeira
senão para levar do que eu tiver
alguma coisa, mesmo que eu não queira,
porque de nada vale o meu querer…
É sempre variável a maneira
de na fazenda entrar e de comer:
Às vezes é subtil e feiticeira
e tem às vezes sanha e mau par’cer…
E fico então, sombrio, a cogitar
que é minha culpa, que hei-de ‘inda expiar
com penas duras, lágrimas e dores.
Porque eu não sei zelar os meus haveres
e tal descuido induz os fracos seres
a descambarem em salteadores…
Oliveira Guerra
in "Algemas"
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