sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

CULPA

CULPA

Eu vejo que ninguém de mim se abeira
senão para levar do que eu tiver
alguma coisa, mesmo que eu não queira,
porque de nada vale o meu querer…

É sempre variável a maneira
de na fazenda entrar e de comer:
Às vezes é subtil e feiticeira
e tem às vezes sanha e mau par’cer…

E fico então, sombrio, a cogitar
que é minha culpa, que hei-de ‘inda expiar
com penas duras, lágrimas e dores.

Porque eu não sei zelar os meus haveres
e tal descuido induz os fracos seres
a descambarem em salteadores…

Oliveira Guerra
in "Algemas"

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