MENDIGO E REI
Eu tenho precisão de ser amado
como a raiz precisa de humidade.
Tirem-me tudo e deixem-me engolfade
num sentimento de alta claridade.
Deixem-me pobre e triste e esfarrapado
que eu não me queixo mais dessa humildade
que me fez pena e trouxe desterrado
quando surgiu a dura adversidade.
Eu nada quero, mas não me tireis
o pão dos mendigantes e dos reis,
o pão do amor, o belo e nobre pão.
Eu quero ser mendigo a muitas portas,
pedir, vádio e nu, nas horas mortas,
mas ser escravo e rei dum coração…
Oliveira Guerra
in "Algemas"
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